Derluh Dantas
No outro canto da
sala aquele olhar foi notado. “Por que não desviava, o que havia de errado?” - Pensou Cristina. Ela começou a se incomodar com tamanha ousadia de ser
observada daquela maneira. Levantou-se e tímida foi se olhar no espelho, talvez
algo estivesse fora do lugar em sua maquiagem, em seu vestido roxo ou no
penteado vintage. Aparentemente, estava tudo impecável. Por que, então, o olhar
insistia em persegui-la em cada passo, em cada tentativa vã de desvio? Cristina
resolve apenas fingir ignorar. Foi ao salão maior e no balcão improvisado para
aquela festa pediu sua dose dupla de Campary. Bebeu aquele líquido quente e
rosado a goles pequenos e constantes... Ao terminar a dose, pediu outra e ficou
ali tentando evitar olhar o outro canto do salão, sentia que ainda estava sendo
observada, seguida, analisada. Será que fez algo que não se lembra?
Cristina foi àquela
festa no intuito de reencontrar amigos, mas sem grandes sucessos. Era um jantar
organizado por uma antiga amiga, que até o momento não havia conseguido nem ao
menos cumprimentar. Como tudo parecia estar entediante e o olhar não a deixava
a vontade, decidiu por ir embora. Quando pegava sua bolsa no balcão,
levantando-se para sair, o olhar se aproximou e perguntou: “Cristina?! Não se
lembra de mim? Sou a Marta, sua colega de quarto no tempo de faculdade, éramos muito
íntimas...” Cristina sorriu para àquela bela mulher em sua frente e riu por sua
memória tê-la pregado tamanha peça. Conversaram sobre o passado e resolveram
não estender o conto... Trocaram contatos e se despediram com um beijo úmido na
face e um tocar de mãos que fez tremer em um arrepio quente o corpo de ambas.
Continua...
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