Rosa Máscara!

Derluh Dantas
Se eu fosse só uma máscara destoante
Se eu fosse...
Apenas, uma máscara.
Sem cara,
Sem alma,
Sem nada.
Máscara.
Rasa,
Falta.
Rosa murcha na sala
Sem brilho,
Sem cor,
Sem dor,
Amor, apenas rosa.
Rosa máscara,
Outra cara,
Outra alma,
Liberdade rara!
Em dor.
Gemo, balanço, clorofilo
Deixo de ser só máscara
Torno-me alma
Danço
Torno-me flor,
Pétala, caule, folha, espinhos
Rosa sou.


Falta lógica cabível'


Derluh Dantas
[Partida] 
Não vou falar de dor... Mas, por que começar a dizer algo, justamente, pelo que não vai ser dito? Apenas para evitar o mal-entendido.  Quantas vezes achamos que é passado, que é memória ... algo que ainda sentimos? Muitas vezes, ao menos, é assim comigo. Uso muitas vírgulas, bem verdade... Uso muitos tempos verbais, pronomes e qualidades. Uso o que me usa no momento. Assim tem sido meu presente e passado, eles se mesclam em um sentimento único, ora sorrisos bobos, fora de tom, ora lágrima sincera, calada, oculta. Dia desses, em meio ao presente, ouvi planos para o futuro, expectativas e liberdades... Em meio à novidade, no presente, uma pergunta de como anda um específico passado. Não soube o que responder... Mais tarde minha alma disse em alto e bom tom: “o sentimento continua o mesmo, continua no mesmo lugar, só que guardado”. E não soube o que senti naquele momento. Não quero o passado de volta, não existe lugar para voltar. Sempre foi platônico, foi o primeiro... Talvez, por isso ainda exista aqui dentro, em algum lugar... Não ofende, tampouco concorre com o presente ou o futuro que possa surgir. É como um artefato de guerra, que existe para não esquecer quem sou, como cheguei até aqui. É algo meu, é algo de mim, é meu passado, aqueles dentes alvos e aquela arcada dentária idiossincrática – que nem existe mais. Não tem como outro alguém entender, conhecer. Nem eu, muito menos você, tenho a clareza do que me aconteceu nesse começo, nessa entrada no mundo da cantiga de amigo, na ciranda do amor. E aquele apelido tosco ainda me provoca riso e aquela sua ausência ainda me provoca isso... 
[Sem fim.]

Filho's de mãinha's.

Derluh Dantas
Surgiram-me contos prontos, poesias, canções. Eram palavras para falar de mãe, uma homenagem, uma inspiração, coisas minhas e de minha mãinha. Mas, palavras parecem pequenas, resumidas, coisas espremidas que são muito pouco para se falar de mãe. Ainda assim, aqui estou, tecendo meus pensamentos soltos, que vão surgindo em forma de imagens, de cores, de sons, dessas palavras.
Mãe, mãe é completamente mítico, heróico, é aquela pessoa que fica ao seu lado mesmo quando até você tem vontade de se abandonar. Ela sofre só em ver seu cabelo desgrenhado, ao mesmo tempo sorri de seu desleixo e se culpa por ele – costuma ter esse ‘dom’. Ela te ordena coisas, prever chuvas, ventanias, catástrofes e tudo mais que possa acontecer em sua vida – adora um “eu não avisei?”. E provavelmente tinha avisado mesmo. Algumas conseguem empurrar os filhos para fora do ninho, fazendo-os voar nos primeiros ventos, mesmo que o coração fique apertadinho na garganta. Outras, não empurram nunca, seguram, voam ao lado, usam celulares e telefones a cada minuto só para ouvir que ‘está tudo bem’. A minha é um misto dos dois. Reclama que estou lendo muito e reclama que não estou lendo nada – no intervalo de tempo inferior à uma hora, por vezes. É a minha contradição mais sincera e cordial da vida. Às vezes, eu fico querendo um colo e acho melhor deixar pra lá, já estou crescido para cafuné... Só que ela continua me dizendo a hora de dormir, de cortar o cabelo, as unhas, de comer alguma coisa... E tem momentos, que aquelas mãos de tantas histórias pousam em minha cabeça fazendo-me sonhar.
Mãe parece um abrigo surreal para essas rotinas ‘estranhas’ do mundo. Ah! Estou mesclando minha mãe com as demais, vale ressaltar. Mãe nem sempre é mulher, mas preservarei o lugar do feminino, do alimentar, do cuidar, do ser altruísta na forma mais pura do conceito ou da abstração de ser cuidadora – ressalvo que existem muitos homens que conseguem este papel de mãe, de maternal. Como disse e reitero, mãe é algo mítico, fundamental, fabuloso... Tantos adjetivos vão me surgindo e sempre acho que esqueço alguns.
Minha mãinha, eu aprendi o amor pelos seus olhos. Eu descobri o respeito pelas suas mãos. Eu desvendo o mundo pelos seus abraços. A vida é mesmo uma mãe, sem desconsiderar nem um pouco a mãe de carne que nos alimenta, que se sacrifica pela felicidade, pela saúde, desenvolvimento, crescimento de seus filhos – que aos olhos dela sempre será uma criança que precisa de todo zelo maternal. Minha mãinha, foi mãe dos próprios irmãos e ainda é... Mas, contar sua saga nessa história, não caberia ao tempo ou às palavras que disponho e ainda assim seria pequeno demais.
Mãe é aquele ser que tem um dia para ganhar presente, mas que todos os dias nos presenteia com a dádiva da vida, ainda que já tenham ido embora para outras histórias que não conhecemos ainda.
Eu vou me desculpar agora, não aos leitores que por ventura estejam lendo essas palavras. Peço desculpas às mães, não conseguimos ser essa extensão dos seus sonhos, mas sei que mesmo com toda projeção e expectativa, essas lágrimas em cada passo que nós (seus filhos) damos é sincera e mescla um tanto de tristeza e muito de alegria. Somos seus presentes diários, mas, você, mãinha (dos outros ou minha) é o presente mais belo e fundamental de toda e qualquer vida.
Fui mesquinho e pequeno nessas palavras, eu bem sei... Mas, mãinha gosta mesmo é de abraço, de sorriso de filho e por mais que a poesia seja mesquinha, ela vai achar lindo só por ter sido feito pelo seu menino. – Faltou uma palavra para falar de mãe, mas é que para mim, ambas são as mesmas e parecerá retórico demais, mesmo assim: Mãe além de vida, é o mais próximo do Amor que se tem notícia. Mãe é amor, mãe é vida, mãe é mãe para além de toda e qualquer rima ou poesia!

Amor de música'


Derluh Dantas
Eu quero um amor que goste de boa música, para que possamos afastar os móveis da sala e dançarmos. Dançarmos... Pode ser uma dança meio fora do tom, meio fora do ritmo, valerá apenas a diversão e a união proposta pelo som, pela dança, nossa aceitação. Bailaremos entre sorrisos e abraços, seremos livres mesmo dentro de um pequeno espaço. Eu quero um amor musical, dançarino. Eu quero um sentimento livre, desprendido... Que nossas brigas acabem como um samba bom daquele antigo carnaval. Eu quero as bossas, eu quero as cantigas e as machinhas. Teremos espaços, obviamente, para o forró, o axé, o mais sincero erudito e tudo mais. Eu quero, eu amo, eu posso. Minha solidão se faz parte de mim. Mas, não se preocupe, Amor, mesmo em silêncios, haverá melodias entre a gente. Eu quero todas as notas, todas as partituras, eu quero a liberdade melódica de um bom som. Não precisa ser como nos cinemas, nem como os críticos musicais despejam... Eu quero amor de música, de muitas músicas e tons. Eu quero que nós dois, possamos ser um tanto mais que mil. Eu quero dança, música, mais que realidade ou o cinema seduz.

Ainda sobre o mar....


Derluh Dantas
O mar estava sincero, fazia pequenas nuvens entre seus movimentos. Era noite e o céu parecia discreto em seus brilhos. A lua era apenas um sorriso suave e fino, as estrelas estavam com um tom tímido naquela imensidão negra. A praia era iluminada apenas por um brilho cândido que vinha dos postes distantes da avenida à beira mar. Não havia carros passando no momento, apenas alguns solitários transeuntes, talvez voltando para casa ou indo para algum outro lugar. Eu não sei se estava feliz ou triste, apenas veio o desejo intenso de fazer parte do mar, de voltar para o oceano mais profundo. E um pensamento: quando eu morrer eu quero ser deixado ao mar, me fundir em sua imensidão e mistérios... E enquanto a vida me pertence, desejo muitas alegrias, sorrisos, amores junto ao mar. Por aqueles leves segundos, que irei guardar para a eternidade, senti uma energia vibrante, acho que a felicidade se misturou com a paz quando contemplei de olhos abertos o mar. 

Leve nostalgia'


Derluh Dantas
Não são lágrimas tristes. Essas gotas que saem dos meus olhos são apenas magia do tempo. Momentos que se foram, momentos únicos e tão especiais, que mesmo pertencendo ao mais longínquo passado, ainda se fazem presentes nas emoções, na memória. Agora tenho a chuva, um livro gentil, música e algumas muitas lembranças... Lembranças que me fazem passear pelo tempo, indo das ausências do presente para os mais doces contextos passados. Como para as brincadeiras no terreno da casa antiga, era o elefante colorido e o mestre mandou por divertidas tardes de domingo. Quando a gente envelhece parece que o domingo é o pior dia... Mas, se bem me lembro, para mim era o melhor dia, eu já tinha feito o dever para casa e podia brincar de batalha de bexiga d’água, de gude com os gêmeos da rua, de esconde-esconde com meus primos chatos e vizinhos. No passado, minhas férias era o lugar mais aguardado, contudo eu chorava assim que começava – por saudades dos colegas de classe – e quando terminava, chorava por saudades dos amigos de verão. Nunca fui muito bom em sentir saudades. Como agora. Eu sinto um aperto no peito e um pouco de falta de ar, talvez seja o deseja da alma de se libertar do corpo e viajar para esses momentos tão bons. Mas, não me engano, lembro-me dos tantos erros, sofrimentos, também... Momentos que pareciam infinitamente dolorosos. Mas, que agora me fazem perceber como as feridas do caminho se faz belas cicatrizes, não dói mais. Revisitar o passado é um lugar estranho, não sou eu que escolho o lugar, nem as emoções que se reavivam ou surgem, pelo contrário, o momento presente causa a lembrança do passado... O passado interfere em igual valor nas emoções presentes, mas tudo diferente de antes. Não são lágrimas tristes. E agora sinto falta do futuro que não sei se teremos.

Santa Pesquisa: