Derluh Dantas
O som tocava no terreiro. Ela ouviu de seu quarto o atabaque
e batuque, pulou a janela de pés descalços e com vestido e cabelos soltos, foi
em busca do som, do furdunço. Lá chegando eram homens e mulheres negros, todos
celebravam em som e dança o orgulho de sua fé e cultura. Era dia de Iansã e a
moça se encantou com aquele encontro. Ela foi para roda de samba, de olhos
fechados dançou como nunca se permitira... Era como se a deusa daquele povo a
tocasse em luxúria, divindade e fantasia. Enquanto seus pés tocavam o chão e
seus cabelos iam com o vento, seu corpo bailava a ciranda daquele povo... Seu
corpo misto era o encontro de muitas culturas e etnias. E como toda moça bela e
livre, sabia que casamento era um cabresto da sociedade para mulher, decidindo
para si e para o mundo que isso não queria, não lhe cabia. De escolha própria,
decidiu ser moça livre para toda a vida... Assim como a deusa que agora lhe encantara,
Iansã, mulher de liberdade, metal e magia!
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