Imensidão azul à tarde'


Derluh Dantas
Acho que não há nada de novo para ser contato do dia de hoje. Estava tudo milimetricamente sem graça e aparentemente em seu lugar. Mas, olhei para o céu. No alto o azul tomou um tom estranhamente magnético, fiquei encantado. Depois de um tempo olhando para cima, percebi a lua como uma manchinha branca naquela imensidão azul... Surgiram algumas nuvens... Então, todo o azul foi manchado e outros tons de azul se fizeram presentes. Era como se aquela imensidão do alto pudesse me tirar desse caos sem sentido daqui. Porém, tive que baixar o olhar, minha cabeça tem um peso considerável, foi quando percebi o contraste de algumas árvores de exuberância verde com aquele céu em distintos tons de azul. Senti um conforto estranho, mas não arranjei lógica a esta vida... Porém, com aquela dádiva se insinuando aos meus sentidos, eu me esqueci de doer e então sorri... Mais uma vez “não sei”!

EU Quero brincar!


Derluh Dantas
A vida está tão cinza e sem graça que eu tive uma idéia. Vamos brincar? A gente pode correr por entres os prédios e encontrar aquele campo verde... Aquele que a gente caia e rolava sem se ferir por dentro. Lembra-se da gangorra? Ela está meio empoeirada e só tem balançado quando o vento insiste. Mas, ainda está lá nas árvores centenária que os homens de “poder” não viram. Vamos brincar de picula ou pega-pega, de esconde-esconde... Na gangorra poderíamos revesar: uma vez eu te empurro até lá ao alto, outra é você que faz isso comigo. Poderíamos chamar mais amigos e brincar de roda, de chicotinho queimado ou o mestre mandou... Tanto faz, eu só quero brincar até que a vida se torne um pouco melhor e esse “não saber” me permita dançar, sentir e viver!

Vamos brincar?

Chuva à tarde'


Derluh Dantas
Observei a chuva esta tarde. O mundo parecia estar se lavando com algumas lágrimas que vinham do céu. O mundo parecia vazio e tranquilo - eu acho que poderia até falar de paz. Porém, dentro de mim uma tempestade se ouriçava. Os ventos uivavam coisas inaudíveis, incompreensíveis, apenas ruídos. Eu pensei em saber como me sinto, mas não sei... Por muito tempo tive medo, tive sonhos, alegrias e tantos outros sentimentos que se substituíam entre si. Apenas agora, eu não sei como ou o que sinto. Eu não estou fugindo de nada, nem de ninguém, somente fiquei onde me deixaram da última vez. Sem dramas, sem pedidos, quero ficar aqui por um tempo, olhando a chuva lá fora e deixando que o vento me traga algumas gotas para dentro.

200 e sem ofensas, por favor'


Derluh Dantas
O barco se perdeu e junto com ele minha razão. Estou sem saber o que pensar, como agir. Antes, eu acreditava na revolução, na defesa de ideais, ainda que fosse preciso pagar com a vida. Eu desejava o salgueiro chorão e os cinquenta anos de companhia. Eu não sei o que me/nos aconteceu até aqui, mas já não sinto as palavras doces, os gestos nobres e o carinho no olhar, aquele que sempre me desarmava em sorrisos. Eu ainda o vejo com o coração, com um sentimento tão forte que me deixa sem chão... Mas, quando penso em me entregar completamente, vejo os novos movimentos, convites e coletivos... vem o desejo de cautela, o comentário para que eu não estrague tudo e a acusação de que já não consigo agradar em conversa. Tudo o que eu faço parece errado ou insuportável ao seu olhar. Se insistir, afirma que “não me deve satisfação”, se esperar, “já não o tenho com tanta importância”... Não quero que você vá embora, nunca quis! Só que é preciso você decidir para si mesmo o que quer de mim e me comunicar com som e palavras. Sem acusações ou ofensas de ambos os lados, por favor!

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Parece indireta, mas por licença poética,
Afirmo que NÃO É...
Ainda que pareça,
Respeitem o meu direito de expressão
De dizer o que meu coração permite,
E o que as palavras acompanham,
Quanto às semelhanças:
Perdão!
Não quero julgamentos, nem sentenças por isso...
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Cuidado com essas palavras - de cristal'


Derluh Dantas
Não sei se era cristal frágil... Pareceu tão resistente a tudo, talvez fosse. Mas, você desistiu, abandonou. Porém, sim, sou o culpado por amá-lo de mais. E por esse amor, admito que o quero feliz, livre a voar pelos ares que deseja seguir. Só não me peça para evitar as lágrimas, esconder a dor de saber que o meu pequeno mundinho não lhe é suficiente. Não precisa sofrer, o amor nos uniu, nos preservou, nos fez feliz... Só que você guardava outros desejos, anseios e ambições. Não é errado, pelo contrário, nunca desista dos seus sonhos. Se você ou eu tínhamos que mudar tanto por esse amor, admitir que fosse muito, quer dizer que provavelmente esse amor não fosse para agora. Talvez, em outro tempo nos encontremos, amanhã, daqui uma semana, um mês, não sei!

Adendo outro'


Derluh Dantas
Sou covarde! Pode parecer exagero, mas não é. Eu não assumo as rédeas da minha vida e ainda uso de opiniões alheias para me valer de sentimentos por horas negativos. Eu não sei onde o barco perdeu o rumo, mas sei que deixei a vida sob o comando da maré. Isso seria válido, se aceitasse de bom grado os mandos e desmandos da corrente. Porém, sempre que a margem se afasta e o barco parece afundar, eu choro e vem aquele desejo louco de me entregar às águas, sem ar ou superfície. Está na hora de mudar, mudança não exagerada, não aflorada, mudar o que se tem por dentro, assumindo de uma vez por todas meus próprios gozos e desalentos. Sei que posso magoar alguns e tantos outros, perdão! Mas, estou pouco cansado de deixar-me magoar de tão fácil contato!

Assumo MEUS erros!


Derluh Dantas
Ensaiei tantas palavras e as configurações se perderam ao se concretizar o que aqui se encontra. A chuva de ontem foi sentida pelos poros, pelos lábios e olhar. Estava sozinho, mas a vida parecia me envolver diante da morte que se tardava de chegar. Tragédia seria dissimular, respirar fundo e fingir que nada estava aqui, que a ferida não sangra ou a dor não lateja como ânsia de fome ou sede na criança. Acalme-se, não vou encontrar culpados... Sei de minhas responsabilidades. Agora, como cantou Ana Carolina, “eu to sozinha e tudo parece maior”. Vou assumir o risco, vou assumir o ócio, vou assumir o desejo e ser quem puder ser nesse transtorno de caminho. Talvez, ainda possa ser feliz!

Santa Pesquisa: