Tentativas vãs'


Derluh Dantas
Foram muitas cores... Pensei em escrever sobre nuvens, tecer poesia ou assobiar algumas brisas. Porém, a inspiração foi dá um passeio e até agora não voltou. As palavras ficaram soltas, se acotovelam sem distinção, todas querendo expor-se e atenção. Procurei imagem que inspirasse e conversas que provocassem uma revolta ou declaração, tudo em vão. Tentei acordar o eu lírico feminino, aticei o masculino e dei beliscões em tantos outros, mas todos em ócio definido. A inércia não ajudou a pintar frases e a preguiça provocou verdadeiro buraco à inspiração... Assim sendo, vou deixar um verde-azulado, ou um azul-esverdeado – nunca sei bem – falar por mim e na espera da inspiração, acho melhor dormir!

Car[m]im intenso'

Derluh Dantas
Ao ouvir minha voz, sua mão sente fome, busca pelo órgão que já lateja... Enquanto expresso filosofias, sua respiração fica ofegante, ouço sussurros no lugar de sua voz. Seu corpo fica trepido do outro lado da linha, sua voz fala de uma dor de saudade, de vontade... Estou longe e pensando em seu sorriso, no doce sabor de sua voz. Será que já dorme? Será que no plano astral podemos nos tocar como naquela noite de sexta? Desejos... Quero sentir o gosto amargo de seu suor, o agridoce de seu pré-nirvana... Quero seus cabelos a roçar em minha barriga, enquanto cada lambida faz meu corpo tremer de prazer. A realidade me faz lembrar a ignorância que vivemos, dizem que nosso amor é abjeto, é pecado... Mas, não importa mais. Seu corpo se entrelaça no meu, os abraços são como tentativa vã e gostosa de simbiose, de fundir-se em paixão e luxuria. Enquanto as gotas de chuva tocam ao chão, sinto o prazer intenso de seu beijo e a expressão de seu mais sincero prazer... Ejaculação!

13 versos'

Derluh Dantas
Tenho procurado... Escondido em meu quarto.
Acendido a luz e ficado no escuro.
Tenho sentido o concreto e buscado o mato,
Copo vazio sobre o criado-mudo...
Tenho inebriado a alma... Libertado,
Buscado o íntimo obscuro.
Tudo que tenho é um misto profundo,
Vivendo de ócio confuso!
Sentidos aflorados e corpo mudo!
De todo desabafo desperdiçado,
Sou aquele dispensado ao mundo
Abjeto abandonado,
Sou mais do que seu juízo imundo!

Sussurrando ao som alto'

Derluh Dantas
Sozinho em casa e o desabafo triste da Adele. 
O som deve estar incomodando os vizinhos, mas dentro de casa o corpo se entrega a uma sensualidade íntima. 
Roupas justas e às próprias mãos a acariciar o corpo por baixo da camisa... Barriga, pernas, virilha, rosto. 
A música começa com um lamento, um desejo de partida... E no coração há uma faixa simples, o que é desnecessário, aquilo que machuca, recicla-se, muda-se de foco, joga-se pela janela d’alma. 
Os pés descalços tocam o chão frio e ainda sujo pela noite de sábado. 
Na garganta, um grito contido, um grito que se expressa por meio de suspiro profundo.
Vontade de entrega, de ser possuído, de ser levado ao nirvana de êxtase,
Retóricas e sussurros...  
Devaneios de um domingo triste e sozinho no quarto escuro!

Bilhete depois das lágrimas. . .

Derluh Dantas
São minhas lágrimas... Elas impregnaram seu travesseiro enquanto você fingia se arrumar para o trabalho, não pude evitar – você não trabalha aos domingos. Percebi que era apenas mais uma que passava por sua cama, seus pelos, sua paixão. Mas, não vou reclamar, foi bom senti-lo meu por esta noite. O dinheiro, ao qual você não disse quanto, eu vou deixar no criado mudo. Não estou pagando pelo vinho de ontem, estou pagando pela sua delirante atuação. Por alguns momentos, me senti a mulher mais maravilhosa do mundo e depois dessas lágrimas marcadas em seu travesseiro, eu agora tenho certeza que sou. Não preciso ser paga por amor e isso me faz uma mulher melhor do que o homem que você consegue ser... Pegue esses trocados em seu criado-mudo e pague alguma vadia, daquelas que você provavelmente se acostumou a ter!

- Deixou o bilhete sobre o travesseiro manchado e algumas notas de dinheiro no criado-mudo. Saiu sem se despedir, sem olhar para trás e com um sorriso sincero no rosto se sentiu uma mulher realizada!

Licença'

Derluh Dantas
Experimento:
Feche os olhos e segue apenas os passos no chão
Não precisa negar que sente medo, ansiedade
A idéia é se entregar a própria emoção...
Deixa o som rolar por entre seu corpo, deixa atravessar
Deixe que seu corpo sinta, dance, se entregue por um momento.
Não existe regra, existe apenas a liberdade sincera.
Tire a roupa, se dispa desse temor de ser quem se é
Ou de quem se pode ser, de quem se quer ser.
Apenas sinta!
Permita-se ser a sua própria licença poética.
Seja poesia...
Experimente!
Dispa-se'

Dama's

Derluh Dantas
Sentada naquele banco da praça, seu vestido branco e seus olhos manchados de rímel negro. Nos lábios o vermelho do batom já se faz claro e desbotado, aparentemente ela esfregará seus lábios contra o dorso das mãos, já que nas mãos existia uma mancha de vermelho vívido. Provavelmente, ela chorará por alguns minutos naquela noite... Talvez, se revoltará pelo que virá ou ouvirá ao anoitecer – o narrador não sabe. Só sabe que seu corpo estava agora altivo naquele banco da praça, mesmo parecendo não esperar alguém, alguém se aproximará dela. Era outra mulher, em vestido rubro e em salto fino e alto. Aquela mulher se aproximará da outra, que mesmo em traços de derrota tinha nos olhos o brilho real de quem conquistará muitas batalhas. As duas, mesmo desconhecidas entre si, se entre olharam e nenhuma palavra precisou ser dita para que compreendessem que daquele encontro havia nascido uma nova oportunidade! [...]

Não precisa julgar ou entender'

Derluh  Dantas
Olhe em meus olhos e tente perceber aquilo que sinto por você... Esqueça o passado ou o futuro, seja o seu, o meu ou esse que estamos planejando para nós. Apenas se esqueça da realidade que nos fizeram acreditar, tente se despir dessas couraças que a vida nos fez formar. Por alguns segundos, eu gostaria que você pudesse sentir o que sinto por ti. Não quero posses, nem fidelidade ou lealdade, eu quero aquilo que pudermos oferecer um ao outro... Que poderá ser tudo isso ou muito mais, não importa. Eu quero o presente, o instante imediato, eu quero sua alma, seu corpo, seus lábios, eu quero tudo em você despido e molhado. Eu quero seu suor em meus poros e quero sua saliva a saciar meu desejo de seu gosto. Eu quero aquele sabor amargo, num misto agridoce, que sai quando o nirvana chega a um nível alto. Eu quero você dentro de mim, quero estar dentro de você e assim quero a simbiose de um momento fugaz e eterno pela intensidade!
 – Quero você por alguns minutos apenas para mim e eu para ti.

Aborto na madrugada de quarta'

Derluh Dantas
Ele agora estava em seu quarto, em frente ao espelho. Há alguns minutos atrás tentava se entregar ao sono, mas este não chegava por aresta alguma. Seus pensamentos pareciam ter se transformado em uma montanha russa, o levando para tantos lugares em um intervalo de tempo tão curto, que ele já não sabia mais onde se encontrava... Muitas palavras o bombardeavam, eram lembranças, desabafos, poesias e inspiração, um tanto de coisas se amontoando para ocuparem o mesmo espaço de sua razão. 
Razão! Essa parecia se dissolver em uma aura ébria, uma liberdade confusa. Deveria estar feliz, mas não sabia muito bem o que isso deveria ser. Ele não quer que seu quarto fique tão escuro, como parece estar o sentido do que ele tenta conhecer agora. Por um momento, ele volta ao seu próprio corpo e percebe que a madrugada já avançou mais algumas horas... Mas, o sono ainda não chegou!

Em meio aos acontecimentos'


Derluh Dantas
Eu sonhei algo que não gostei
Essa noite, nós estávamos distantes
E no sonho meu melhor amigo beijou a boca de quem beijei

Eles trocaram olhares enquanto estávamos desperto
E enquanto eu dormia, eles se beijavam
Isso aconteceu em um ambiente onírico
Mas, as feridas que se acenderam foram reais

Sei que não temos mais do que uma afinidade maravilhosa
Carinhos, beijos e fabulosas carícias
Não firmamos compromisso sério algum
Mas, não tenho como deixar de criar expectativas

Não quero cobrar nada de você, nem de mim
Mas, foi tão mágico todos os momentos que estivemos juntos
Que não quero que nosso começo seja também o fim, enfim!

Sabor amargo'

Derluh Dantas
Em meio a todas aquelas histórias, ele poderia ser considerado um anjo. Não havia crimes em seu passado, traições eram coisas que nem mesmo imaginava possíveis, ele acreditava que tudo poderia ser à base do diálogo calmo e singelo... Pensava que poderia mudar o mundo com suas boas idéias. Ele julgava ser possível acreditar no humano que em sua frente derramasse uma lágrima ou esboçasse um sorriso... Mas, um dia ele acreditou verdadeiramente no amor de outro homem, ele acreditou que era possível ser feliz a dois e a desilusão daquelas juras e promessas de felicidade foram de mais para seu frágil coração bom. Ele chorou, mergulhou na lama de mentiras que experimentou e no fundo do poço descobriu um sabor amargo que desconhecia. Ele desejou voltar à superfície e praticar a Ética de seu bom costume num misto de seus mais sensuais desejos... Ele decidiu se entregar a humanidade e por ela amar, sofrer e vingar-se... Ele desistiu de ser anjo, preferindo ter histórias e experiências próprias para narrar, ele decidiu ser humano por completo... E isso quer dizer que o bem e o mal agora seriam apenas mais um ponto de interpretação de quem quisesse julgá-lo!

Quintetos atiçados'

Derluh Dantas
Mulher de som:
Música... Melodia
De percussão e cantigas
Olhar sereno, sorriso dito
Olhos vermelhos e maravilhas

Veio por discurso,
Por ele se aproximou e cativou,
Com seus cachos rubros
Fez provocação de amigo, de amor
Coincidências de alegrias e ardor

Provocou dois quintetos com fotografias,
Brincou de musa inspiradora e amiga
Fez tão boa companhia,
Que de desconhecida, virou colo e guarita
Confiança cativa, conexão quase por magia!

E assim me vou,
Com sorriso e inspiração em companhia
Foi o que essa moça, mulher, menina
Por mais uma vez me provocou
Quatro quintetos de poesia!


Anjo de mulher e música'

Derluh Dantas
Estou em um momento de déficit criativo. A inspiração até chega, mas não provoca muito movimento ou palavras, é como um canto em silêncio. Estou devendo uma homenagem a um anjo distante, desses que nos surgem provocando bons sentimentos e uma dose extrema de esperança à humanidade, se não toda ela, em grande parte. É uma mulher, menina moça, ainda desconhecida de travessia, mas que os olhos, o sorriso e as tantas coincidências parecem companhia antiga. Poderia ousar que é uma dessas estrelas que em seu brilho provoca uma explosão de cor e acaba marcando tanto que se torna mais que uma maravilhosa amiga. Dia desses foi seu aniversário, seu "cumpleaños" e eu tive desejos de lhe escrever uma poesia particular, íntima, só para ela... Mas, a crise criativa me tropeça, me faz intimidar! Sendo assim, fico pelo caminho desejando tantos sorrisos belos e umas doses necessárias de lágrimas ruins, é que eu acredito que nem só de se ter o belo, sentimo-nos verdadeiramente a beleza exposta. Às vezes, moça, é preciso deixar umas lágrimas caírem para aguçar, limpar, transparecer a visão para o que está em nossa frente ou para além de nossa face. Felicidades, que sejam muitas e verdadeiras, que gravadas na lembrança te provoquem esperanças de continuar, mesmo que o caminho pareça impossível. E que se cansar, descanse por aqui, por lá, saiba que tem um colo em mim que sempre irá te guardar e aguardar... Vou deixa essa criatividade que cativei aqui, voar para outros lugares, se não virão muitas palavras e nem mesmo você estará aqui para ouvir! 

Que belas brisas te alcancem, te façam sorrir... É meu carinho aqui, para ti!

Insuportabilidade minha'

Derluh Dantas
Essa manhã de terça, eu acordei meio anestesiado... Estou com uma preguiça mental tão grande que os pensamentos parecem um corpo inerte em meio ao universo a flutuar, sem gravidade ou movimento. Eu tenho coisas para serem resolvidas pela rua, mas não quero sair do quarto. Ouvindo Pitty nas alturas e olhando cada inconstância na parede, eu tento não pensar em nada, deixo o vácuo de minha mente livre e permito que se torne unânime em mim. As pessoas lá foram tentam me interferir com suas vozes, ignorando minha existência, ignorando o fato de quando a faixa do CD muda, eu posso ouvi-las... Por um minuto, será que o mundo poderia ficar completamente vazio de mim? Enfim'

Nudez em noite'

Derluh Dantas
Vou me despir, tirarei toda minha roupa, calçado e pensamentos... Essa noite, eu vou ligar o som alto, fechar as portas e abrir todas as janelas, para entrar aqui terá que se arriscarem outros caminhos. Quero pássaros e passarinhos! Essa noite terá um show às estrelas lá do alto, às almas já partidas, idas... Essa noite haverá uma sensação pura de liberdade. Não terão brilhos ou cores, só minha dança livre e desengonçada no meu quarto fechado... Talvez, vá à laje e esbanje meus pensamentos todos para fora com o sacudir de meu corpo. Não esperem nada de mim, essa noite serei apenas um servo da música, da dança, da minha liberdade infantil, infame, carmim!  Vou me entregar aos desejos inóspitos, censurados, íntimos de mim para mim, sem testemunhas ou cúmplices. Por uma noite, minha magia será oculta a outros olhos que não os meus... Ou melhor, talvez possa me exibir um pouco, me exibirei aos sentidos de outros, aos sentidos alheios, desconhecidos, aos que quiserem sentir! Essa noite, eu irei me despir!

Quero Samba de Roda'

Derluh Dantas
Limpa o terreiro e coloca as folhas no chão. Hoje é azul em cima, verde embaixo e som de libertação... Quero os pés descalços, corpo com pouca roupa, se possível nenhuma. Cabelos libertos, mãos livres, sorriso estampado e cadência de samba. Avisa lá em casa que não tenho hora pra chegar, nem mesmo sei se volto de lá... Minha sexta vai ser de terreiro, de samba de roda e boas cantigas, cantorias, danças. Vou me libertar... Vou me entregar a essa vontade intensa, me esbaldar, vou dançar! Chama as mulheres da antiga, chama as negras, brancas, mulatas... Chama quem quiser chegar, seja daqui, ou seja, de lá, tanto faz, cabem todos no terreiro, na roda de samba, todos que queiram sambar.  
"Mamãe minha mãe mainha
Na senzala minha sala
Tenho a proteção de Oxalá
Ânsia de iansã rainha
Sou o teu sinhô sinhá
Vem bater fazer iaiá
Um batuque na cozinha

Nega nega neguinha
Nega nega neguinha
Nem zumbi impedia você de ser minha" 
[Canto de Márcia Castro]

O que são'

Derluh Dantas
São sombras,
Não são reflexos ou espelhos,
Escuros em meio ao mundo...
São silêncios,
Olhos em choro calmo,
Mãos marcadas pela lida do dia...
Não são prosas nem rimas,
São cantos e melodias,
Fragmentos de pensamentos cotidianos...
Corriqueiros, fofoqueiros,
Opiniões desnecessárias,
Julgamentos e as “boas religiões”,
Não são reflexos ou espelhos,
Sou livre, sou poeta, sou pagão!

Just take it all'

Derluh Dantas
O que você esperava? Eu não sou nenhum jardineiro fiel, para esquecer-me de minhas rosas e cuidar apenas do seu jardim. Sim, tem razão, joguei e reguei algumas sementes, fiz isso por você e por mim, fiz por amor – naquele tempo! Mas, não tenho como ser eterno em algo doloroso, em algo que enjoa ao outro... Eu não mereço chorar mais que sorrir. Tivemos belas rosas, em muitos momentos, em outros tivemos até lírios azuis... Mas, eu vivia de folhas verdes, da vontade de um porvir, de um movimento para o mais doce. Porém, assim como as roseiras ainda novas, os espinhos eram verdes e afiados, por muitas vezes nós dois nos ferimos. Entre algumas visitas de colibris e joaninhas, percebi que aquele nunca foi realmente meu jardim. Eu cuidava mais do outro, do que esse outro parecia cuidar de mim. Não há ressentimentos de minha parte, quero que seja feliz em outro jardim ou mesmo apenas mudando o jardineiro... Só espero que entenda que as plantas deixadas por mim, nunca tiveram essa intenção de ferimento, de cicatriz... Eu quero que seu jardim seja um recanto feliz e do bem, por você, apenas, e não mais por mim!
"I ain't yours for no taking,
You must be mistaken
I could never look into your eyes, and settle for wrong
And ignore the right" (Adele)

Desabafo de sincero Ser'


Derluh Dantas
Será que você não entende meu silêncio nesses últimos dias? Será que você ainda pode me ouvir?
- Eu sei que você acha linda minha voz, meus olhos, o como me apresento a você... De tanto você repetir isso, a cada amanhecer, a cada anoitecer, eu fui levado a acreditar em você.
No começo você me ouvia cantar e costumava dizer que era o canto mais lindo que você já ouvira... Você costumava dizer que eu te lembrava seu tempo de menino correndo pelos quintais de sua rua. Isso me orgulha em você, essa doçura em lembrar-se da natureza, o quanto admira o puro, o limpo, o natural... Mas, porque diabos você diz que era belo ver os pássaros cantando em frondosas árvores, como era belo ver o céu com muitas cores além do azul e agora me prende nessa gaiola? Será que se esqueceu que também sou pássaro, como aqueles que você admirava solto?
Não! Quando você me prendeu, eu não cantava de felicidade ou beleza, eu cantava como súplica – um pedido de liberdade. Você me parecia um senhor tão bom, que ao menos parecia compreender meu canto. Porém, o tempo foi cessando e eu descobri que meu canto o quanto mais triste se tornava, mais belo se parecia para você e seus amigos... Idiota, eu estava implorando que alguém me deixasse voar, me deixasse rever minha família.
Sim! Assim como você senta em sua mesa de jantar e alimenta seus filhos, eu fazia isso antes de você me capturar naquele maldito alçapão... Pois é, agora me recuso a qualquer canto, qualquer pranto, qualquer som que faça outros gozarem em cima de minha tristeza e minha prisão.
- Eu sou um canário belga e não merecia essa cela, pelo contrário, você que cometeu uma inversão: tornar um ser livre e de asas em um bibelô dentro da gaiola e em silêncio... Espero que um dia você entenda: se gosta da natureza de sua infância, da casa dos seus pais... Ao invés de prender um pássaro e comprar alguns móveis de madeira nobre, plante algumas árvores ou não mate as que já nasceram e deixe os animais livres, assim como você, eles merecem escolher para onde levam seu canto, suas garras, sua pele, seu bico!
Não adianta me levar a esse médico que como você parece não entender o valor da liberdade de quem nasce livre... Eu não canto mais, eu vou me livrar dessa cela, nem que para isso eu precise ...

Santa Pesquisa: