Derlour Costa
Alguma borboleta é feliz no casulo? Ou sempre é mais belo o momento do vôo, de abrir as asas, sentir o vento contra o corpo frágil e as belas asas multicoloridas. Alguém me explica essa vontade de me afunda no casulo, de voltar a larva, voltar a não passar de ser um plano. O mundo tem se tornado cruel aos meus anseios, à minha vontade de casulo, de casca, de útero. Vejo crianças felizes jogando futebol, assistindo o jogo, correndo pelas estradas de terra. Vejo a beleza de passarinhos tentando se equilibrarem em fios de alta tensão, tão frágeis e belos. É bom sentir o frio atravessar a espessura da pele, da parede, do vidro. O chuveiro quente que por segundos faz a mente se desligar na concretude do chão, das paredes... Quero voltar a ser casca, casulo vazio. É bom ouvir o sorriso, ver a alegria vivida junto aos amigos, é importante. Mas não consigo ouvir a música leve quando está comigo. Eu sou pesado, denso, cansativo, também para mim. Agora eu gostaria de me afundar nessa água fervente, me transformar nesse pó solúvel, virar fumaça e sumir da lembrança de todos que um dia conheci. Quero nunca ter sido borboleta, mas não me importaria de ser apenas um espectador da explosão que é a vida.
2 comentários:
Esses textos são seus? nunca vi alguém escrever tão bem, você faz combinações perfeitas de palavras e idéias... Simplesmente incrível!
São sim Anonymous... Quando não são faço questão de dizer de quem é, fazer referências!
Agradecido pelas palavras e por ter lido, de verdade. Feliz com isso!!!
Que belas brisas o envolvam... ;)
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