Derlour Dantas
É madrugada. A casa inteira dorme e pela janela a rua está sem passos, suspeitos ou testemunhas. O sono não se encontra, mas vem uma ânsia de vômito insuportável. A dor de cabeça está pulsando como uma batida frenética na bateria. O vento lá fora uiva, parece querer dizer algo que não consigo entender. A madrugada é uma treva ainda mais intensa que toda e qualquer noite. As nuvens não têm mais cor, nem há estrelas. Os cães não ladram mais, daqui a pouco os galos anunciarão o amanhecer do dia e eu não consigo dormir. Uma pergunta não cala em minha alma, para que essa existência se tudo o que costumo fazer é estragar o belo e dramatizar o feito? Será que o vento conseguiria justificar o beijo da morte não me tocar essa madrugada? Adoraria por um minuto fechar os olhos e não mais existir... Ser completamente deletado de toda e qualquer história, ser apenas o uivo irracional e sem sentimentos do vento lá fora. Gostaria por um segundo explodir em cinzas sem lembranças ou sentimentos idos e deixados. Ser apenas poucas cinzas!
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