J.ar D.im!


Derlour Dantas
Descobri um jardim que me faz ter vida. Esse jardim muitas vezes me mostrou a beleza das flores, das cores e de borboletas que nunca havia percebido em mim. É um jardim que no começo achei ser passageiro, mas sempre tive uma estranha atração e desejo que seja eterno. Foi no olhar desse jardim que pude me perceber inteiro, desnudo, humano, ser vivo. Tenho medo dos corvos que vez ou outra me prova que não sei voar para acompanhar completamente esse Jardim. E sem saber afastar os corvos eu acabo por chegar perto de estragar a minha ligação com o jardim. O Jardim sabe silenciar o que não sei... Em nossos momentos mais íntimos, vez ou outra meu passado surge como uma ventania ao jardim, passado que já me é esquecido, já deixou de ser eu; e vez ou outra o presente do jardim me causa medo. Já disse aqui o quão sou desafinado em voz e vida, meu Jardim (chamarei de meu) adora falar de vozes e músicas. Ao mesmo tempo em que me delicio com a empolgação em sua voz, eu tenho medo dessa empolgação apenas me afastar. Com meu jardim tenho me tornado ainda mais felicidade e contradição. Por mais uma vez, pelos ciúmes de ver corvos em meu jardim, eu fiquei sentenciado à noite solitária e sem o canto mais belo que já ouvi. Canto esse que vem em voz rouca dizer do apreço que o jardim tem por mim!
- Amo ouvir meu jardim dizer de seus planos, de seus sonhos, de seu desejo em ser música, de seus momentos de vitórias e encontros... Tudo no jardim me faz sentir vida. O que me estraga são meus defeitos, meu desejo torto de ser único, ser intenso, ser completo junto ao meu jardim. Se as histórias não batem a dor de cabeça aumenta e meu jardim fica em sua beleza suprema a me desconcertar o juízo. Jardim, eu clamo a ti para nunca me deixarás novamente... Meus vinte e poucos anos foram de mais para viver sem ti, agora quero meu jardim a cada milésimo de segundo até o meu completo fim!

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