Dia Amelístico!


O baú estava revirado. As palavras se amontoavam pelo chão sem um sentido lógico. A luz do sol estava mais amarelada, um tanto mais quente e eu não saberia descrever o vento. 
Houve roda de capoeira pela manhã, uma ‘louca’ senhora Carmem revelando que eu sou belo, uma amiga feliz. Poderia ser um dia qualquer, mas ao despertar com um estrondo achando ser trovão, mesmo naquele céu intensamente azul, o dia gritava ser único. Estranho domingo atípico 
Em uma praça antiga, os velhos sorriam em olhos com seus netos pirralhos a brincar. Cachorros descansavam às sombras das pequenas árvores, como se curassem ressaca da vida. Jovens casais pareciam necessitar de um ambiente mais íntimo que um banquinho de praça, era cafuné, beijos e pernas. Um careca brutamonte em seu tom de pele quase transparente e tatuagens tribais, fez-me lembrar de que ‘os brutos também amam’. Um jovem casal e seus filhos por escolha, escolha da vida, talvez.  
Tudo tão intimista e minimalista, a lagartixa na palmeira ainda anã, os passarinhos buscando alimento na grama, o sol se pondo e eu na companhia de uma amiga que buscava alguma música que combinasse com o fim de tarde. Eu poderia tecer cada detalhe daquele momento, mas nem de longe eu conseguiria expressar a plenitude que senti. Ao sentir todas aquelas cenas eu descobri uma paz feliz, me senti infinito!

- Caro leitor, nem de perto as produções humanas, como as palavras, poderiam expressar cena tão única que o amor anda tecendo, colorindo por aí. A cronologia não faria sentido algum à sensibilidade tentada aqui, desse domingo alaranjado em nossas bolhas, sorrisos e olhares tão amelísticos, por assim dizer.
Com amor,
Derluh Dantas.

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