Derluh Dantas
Essa vadia anda um tanto mais
ousada e arredia. Ela surge sem prenúncio, não me deixa dormir, me acorda no
meio da noite, me excita, me inibe. Eu ando covarde para assumir as formas que
ela apresenta, para apresentar os odores que ela me obriga. Simplesmente, sou
pequeno demais. Presunção minha acreditar que ela se deitava comigo por
prazer... Começo a acreditar que ela apenas me abusa, me fazendo sentir o gosto
do voo, mas me provando a incapacidade de voar. Ela esfrega seus cabelos
negros, seus seios pontudos e volumosos... Faz gemidos quentes ao pé do ouvido,
me acaricia as nádegas, a virilha, esfrega sinuosa em meu sexo. Ela faz e se desfaz
em brumas. Em suas mãos há manchas negras e azuis, há calos, mãos másculas. Ela
sorri pra mim diante do espelho, me faz perceber o abjeto que sou, me faz
querer amor. Ela tinge meus olhos, desnuda meu corpo. Cada sinal, cada mancha
ou expressão se torna desejo e volúpia. Provoca-me lembranças de momentos que
não vivi, me faz recordar sabores que não experimentei... Será que essa vadia é
assim com outros por aí? Presunção minha pensar em monogamia com a puta que me
envolve, que me desperta calafrios, paixões, luxúrias, amor e prazer. Venha,
louca inspiração, inunda esse seu escravo, esse meu ser.
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