Ao longe, parecia uma pedra
opaca. Já não pulsava, já não batia... Já se fazia distante e desconhecida da
vida. Essa pedra ficava guardada entre muitas palavras acadêmicas, abstrações
de amores, filosofias, Dizia-se feliz apenas com histórias alheias.
Havia uma poesia circundante, se
dizia de sonho distante ou mesmo de história não existida. Pelas janelas de
onde se escondia, olhava com desinteresse o mundo de fora, pensava não ter mais
nada humano que o despertaria. Continuou admirando as borboletas, as flores
pequeninas, as cores minimalistas que lhe surgiam em uma estranha rotina.
Gostava do sono, pois nele podia
ser outros, e a pedra reluzia, mas ao acordar a pedra continuava vazia e fria.
Há uma magia que não lhe abandona, mas nada que pareça haver encantos. Até um
dia qualquer na grama...
O cansaço e o por do sol, a
desesperança que se apossou no menino e ao encontrar aquela figura diferente ao
comum já visto, a apatia voou. Eis que o tolo fez a volta, quis ficar, o que
dizer? O que esperar? Mas, pareceu não ser visto. A pedra mudou de cor, de
textura, de ritmo. Já não importava o cansaço de domingo, já não importava a
falta de encanto, quis arriscar.
Um pedaço de papel, caneta preta,
a letra do amigo, o que fazer no momento seguinte? Troca de olhares por belos
encantados três segundos, calafrios, agir normalmente, gaguejos e o ‘oi, posso
conhecer vocês?’ Como ser mais tolo? Não há espaço ao poeta medíocre para
experimentar verdadeiro amor. Sendo assim, lhe deixo livre, sujeito descrente,
deixo em paz minha pedrinha carente. Contudo, ainda desejo que você surja em um
beijo qualquer, um abraço insistente e vamos de novo, até o dia que haverá mais
que um continente entre a gente, haverá a distância maior da semente, do encanto, da flor...
Com carinho,
Derluh Dantas
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