Derluh Dantas
Ele estava sentado fazia um
tempo, seu olhar parecia fixo ao nada de algum ponto. Ele parecia totalmente
destoante, tudo contrastava com sua presença naquele banco de concreto. Era uma
avenida, era noite, era festa e seus olhos não pareciam tão alegres quanto o
mundo que o cercava. Ele não parecia tão estranho nem tão comum quanto os
muitos que passavam por ele. Havia de um lado a companhia de sua amiga que já
estava em outra sintonia, segurava com apreço um litro de licor; do outro lado há
a solidão que o acompanha onde for. Não parecia ser triste, mas já não tinha
ostentação alguma de alegria ou esperança de coisas melhores por vir. Ele havia
se contentado com a cor cinza que lhe cabia tão bem em pele e alma. Era um
sujeito comum, que não parecia conectado ou cabível à vida. E sem expectativas
ou grandes sonhos ele foi buscar ajuda, só para ser ouvido. Começou a desejar a
superficialidade das coisas, ele falava de roupas, cortes, cabelos e
maquiagens, com a amiga que dizia não entender ou se importar com nada disso.
Quando começaram a falar de seios, de pernas, de mulheres, em meio a um grupo
um olhar o contrastou, seus olhos brilharam em um fogo ardente. Primeiro ele
achou ser desafio, aceitou... Depois, ele pensou ser paquera, ele sorriu... Por
último ele já estava entregue a um desejo instantâneo de querer saber mais
sobre aquele olhar que o despertou na avenida. E assim os dias se seguiram e
ele não consegue mais pensar em outra coisa a não ser vida, alegria e o olhar
na avenida... Desejando um tanto mais daquele primeiro olhar, mais algumas
vezes!
Um comentário:
Que registro lindo de um dia festivo! Cabem todas as palavras e descrições, inclusive as que incluem coadjuvantes! - segurando na sua barba - Você é um lindo. Adoro a sensibilidade de suas palavras, e a cruez das mesmas.
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