Derluh Dantas
Eu não gosto de clausuras alheias.
Sou contra passarinhos em gaiolas,
contra aquários pequeninos que iludem os
peixinhos.
Sou contra tudo que aprisiona, sempre fui.
Mas, agora eu descobri
que sufoco.
Sufoco plantas brotando, flores em botão...
Eu crio tanta
expectativa e poesias em volta do vir a
ser, que acaba sufocando e afastando toda beleza pretendida.
Eu sou um
brinquedo torto, melhor...
Eu sou o torto desejo do menino que abre para ver o
que tem dentro do brinquedo novo.
Descobri isso agora, como um cuspe lançado à
alma.
Alento.
Gosto dos meus melhores amigos, são tão cheios de liberdade que
me lançam verdades sem estribilhos.
E fico assim doendo em mim mais um tanto,
talvez seja rompendo essas grades que eu mesmo me aprisiono.
Hoje dancei com a
chuva, foram as cores do céu, foi o brilho do dia, foi essa vontade contida.
Hoje sorri sozinho, agora choro... Mas, estranhamente confuso, foram
sentimentos de singela e pacífica alegria.
Então, eu não gosto de prender
passarinhos ou peixinhos, não quero sufocar plantinhas, sufocar a mim...
E
assim vou me tecendo, me colorindo, me refazendo...
Talvez, um dia, alguém me
descubra assim:
Um brinquedo torto, meio usado, meio riscado,
Quebrado num canto
qualquer, com um brilho e uma alegria que só um, você, poderá ver, se quiser.
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