Derluh Dantas
Eu quero explicar algo que me atravessa
o estomago e o ar. Mas, não tenho como explicar algo que não me faz lógica
cabível. Sendo assim, me resta apenas devanear os pensamentos em algumas poucas
palavras. Por muito tempo, eu acreditei conhecer o que seria o amor. Imaginava
o salgueiro chorão, o rio cadente e mesmo os sorrisos confessionais. Eu
imaginava a troca de olhares, o toque e que os amantes teriam uma intimidade
única, como pum, espinha, odores não aceitáveis socialmente e não apenas isso.
Eu imaginava o amor como toda falta de limite entre duas pessoas, pense em
falta de limite como aquele lugar comum que tudo pode ser compartilhado, dito,
acolhido. Eu imaginava o amor como algo espontâneo e até acreditava que uma
pessoa não poderia amar a outra do nada. Eu podia jurar que quando alguém ama
outro alguém, um dia esse ‘outro’ se atenta da oportunidade única daquele amor.
Mas, isso causa o problema de logística, ou o problema de identificação. Não
sei bem. Amor, não é carência, não é cobrança, não é ausência, não é
impossibilidade, não é facilidade, nem dificuldade. Mas, o que é o amor? Amor é
substância única, não sei se perene, não sei se fugaz. Acredito que não
respeita o tempo, ou faz um acordo único com ele, que o relógio ou calendário
acaba ironizando os demais. Acho que existem algumas obras da sétima arte que
chegam próximo ao que o amor se parece para mim, contudo a vida sempre tece
retalhos a mais. E o que eu queria explicar, eu quero explicar que não sei se
acredito mais no amor, ele tem sido um ser travesso ao meu estomago e ar.
Eu sou surpreendido por um olhar
na multidão, acredito que pode ser a diferença que cabia em minhas orações e um
belo dia, voltando para casa, a chuva como o prenúncio clichê e minhas lágrimas
como seu verdadeiro prognóstico me assaltam o ar e embrulham o estomago na
certeza que naquela falta de adeus, era o adeus que se anunciava. E choro,
sofro, busco os amigos e eles já não estão mais lá. Encontro-me sozinho, choro
um tanto mais, me desespero. Porém, pela primeira vez não penso no fim, penso
na vida, nessa contradição arrebatadora de amar. Pois é, eu que tanto sonho em
amor, acabo sendo criança boba ao me deparar com o Verbo Amar. Eu fujo, também,
eu tenho medo, tenho desejos e choro. Eu sorrio com meu choro, eu gargalho com
minha tola inocência. Amar é para poucos, raros e únicos. Talvez, algum dia,
seja para mim. E quando acontecer, se acontecer, eu quero estar o mais limpo
dessas histórias possível. Afinal, não quero menosprezar o que vivi, o que
senti, o que recitei, mas não posso supervalorizar essas histórias miúdas
frente ao verbo do que imagino ser amar!
Nenhum comentário:
Postar um comentário