Derluh Dantas
O
mar estava calmo, iluminado por um tom laranja que vinha do céu. Aquele raio
solar, refletido pela lua, quando encontrava as ondas tornava-se um prateado em
dança. O menino, que o tempo se fazia sentir na pele e na alma, lançava ao
vento seu lamento de vida e morte. Seu desejo era alcançado pelo vento, batia
nos coqueirais e caia ao mar adentro como um desejo quente. Ele pedia por vida,
por caminho próprio, asas, alegrias. Era o desejo de caminhada, era o agradecimento
de todo dia. Em meio aos devaneios de seus pensamentos, agradecimentos e
pedido, uma luz azul em misto vermelho lhe surgiu. Uma voz não conhecida cantou
uma dúvida: “quem é você aqui?”. Aquela pergunta fez girar a cabeça, o espírito,
o lamento. Um menino, agora homem fez chorar lágrimas torrentes, não sabia o
que responder. Ele era o que os outros fazia dele, inseguro ou mais um? Fechou os
olhos e tentou sinceramente responder. Quem se é, não se sabe... Mas, deixou
que aquela imagem o atravessasse e cantou... Fez girar a dança e assumiu para
si mesmo que agora o que lhe restava era arriscar. Ousar à vida pode não ser
tudo, mas é o caminho que se deve traçar quando viver é tudo que se resta. Abriu
os braços, deu alguns passos e se lançou aos braços do mar. Importante lembrar:
era noite e foi assim que se fez curar, amar.
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