Jogos atemporais'


Derluh Dantas
- O que você está fazendo aqui? – Perguntou sem muitos rodeios, sem um oi, sem cordialidade alguma.

- Eu procurava por você...

- Depois de tanto tempo? Por que agora você me chama justamente para esse lugar? O que você espera de mim depois de tantos anos? – Não conseguia entender aquele contato agora... Sua mente vasculhava qualquer ponto de apoio, mas nada fazia sentido com aquele encontro. – Nem mesmo sei por que vim... Ou o que estou fazendo aqui.

- Desarme-se por um segundo, sei que é difícil... Mas, não quero falar do passado, foi você quem disse que eu não poderia me acercar de sua presença, atenção ou companhia... Acho que se lembra. – Algumas lágrimas desejam cair pela face, mas fecha as pálpebras e as obriga ficarem devidamente onde estão: ocultas àquele momento – Eu desejo que você me inspire...

- Enlouqueceu? Como poderia fazer isso? Eu mudei e não sei se tenho esse poder sobre você.  Depois de tantos anos, acredito que nunca tive. – Assustou-se com aquele louco pedido.

- Preciso te confessar: Eu sempre observava você de longe. Vi seu corte moderno, vi seu rosto ganhar novas feições. Percebi que sofreu alguma desilusão um tempo atrás e que se agarrou a companhia de alguns amigos. Mudou de visual algumas vezes, pareceu arriscar um estilo novo... Mas, mesmo em silêncio e entre arbusto, eu observava você. Vi que se formou, amei as fotografias da festa, do convite, do ensaio... Só que cansei de estar oculto, queria que me inspirasse novamente. Não sei como, mas seu sorriso sempre me provoca uma magia distinta dos demais sorrisos. – Agora as lágrimas foram inevitáveis... Não queria sofrer tudo de novo, mas tinha algo que unia esses seres.

- E como você está? – Foi uma pergunta comum, parecia querer deixar claro a superficialidade daquele momento.

- Eu poderia dizer que estou bem e perguntar como você vai. Mas, sinto as lanças afiadas do gelo a me atravessarem o peito. Eu tinha razão, tudo em você me inspira. Até sua bela presença mostrando-me que me esqueceu. – E na certeza que não podia ser dita, percebeu que nunca deixou de amá-lo.

Foi assim que ambos se despediram novamente... Um voltou para sua vida de cores, raves, amores... E o outro, para o arbusto próximo, se esconder novamente... Ou tentar mais tarde outro encontro.


*Não é um diálogo real nem completamente fictício... Mas, uma inspiração solicitada que de maneira sutil foi correspondida. E respondendo a pergunta: Sim, você ainda me inspira só pelo fato de transpirar uma energia, vida.

Um comentário:

Lane SoL disse...

Uaau . . . que diálogo cheio de pontas... e armaduras! são armaduras que não vem de que lado... talvez o tempo dessas duas almas esteja desencontrado... talvez a alma uma se conheça tão bem que não se permita qualquer imensidão de sentimento, pra ter espaço e caber mais de algo que também não sei dizer o que é... Vai pra suas aves e luzes.

A alma outra, não vejo ela se cuidar e esperar seu tempo. Paciência e espera, e cuidado, e zelo pra que as engrenagens não parem e as almas possam se encontrar. Sinto coisas ao ter lido esse texto, ele é cheio de súplicas e gritos que não sao ouvidos, ou mesmo de pedidos sutis, que tambem sutilmente são correspondidos...

Essas das almas... elas precisavam terminar de gastar pra nao deixar nenhum resíduo..

Santa Pesquisa: