Mãe Aranha'


Derluh Dantas
Já era dia, as pessoas começavam a caminhar na rua, indo pra seus empregos, passeios, não tenho como saber... Cheguei da janela de casa, olhei pela varanda, senti o quanto estava frio aqui dentro e imaginei o quão solitário seria lá fora. Em meio aos meus devaneios dramáticos de um confuso solitário, olhei para cima, tentando ver algum raio de sol naquele céu nublado. Enquanto procurava os raios solares, minhas retinas foram surpreendidas por um brilho cintilante no canto da varanda... Era uma teia de aranha molhada pela chuva ou pelo orvalho da noite, não sei. Olhando mais atentamente para aquela figura psicodélica da manhã, vi uma pequena aranha negra retocando sua mais bela obra de arte. Por alguns segundos, parecia ter sido hipnotizado pelo brilho na teia e pelos movimentos ritmados da aranha. Ao contemplar aquela melodia em imagem, percebi o quanto a aranha era indiferente a tudo que ocorria ao seu redor: à criança se arrumando para escola enquanto gritava coisas indecifráveis, provavelmente para mãe; ao senhor Vadú que abria sua pequena venda de muitas coisas; a alguns estudantes de fardas e celulares tocando músicas “exóticas” para todos ouvirem; entre outros acontecimentos da manhã... Porém, a aranha só parecia se importar com sua teia e logo percebi que havia uma bolsa de ovos num canto quase oculto da varanda... A aranha estava se preparando para ganhar neném, coisa que tomava sua completa atenção e a fazia ignorar as rotinas alheias, afinal de contas a única coisa válida era sua nova função: Ser mãe!

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