Tato'
Sobre algo que ouvi...
Ouvi que era crime ir contra a Constituição. Ouvi que era violência ir contra a ideologia. Loucura ir contra o sistema. Preguiça ir contra a técnica. Transtorno ir contra a norma. Ouvi tantas coisas ao longo dessa vida, que a maioria me parecia só bestialidades. Atualmente vejo o quão são nocivas. Ser diferente e sensível talvez tenha tomado diversos lugares, nesse universo que chamam de sociedade. São tantos grupos, conceitos, definições, categorias... São tantas tribos e culturas, ética de um grupo ou de uma hierarquia. É tanto não sei o quê, que me fica uma dolorosa e inquietante dúvida: onde fica o humano nessas enxurradas de prioridades? Cadê a experiência? Onde foi parar aquilo que nos fazia humanos? Ou o humano é justamente esse ser racional que não se importa nem um pouco com a vida? Só com o Capitalismo, um Sistema falido e com a sentença e o juízo ao alheio? Onde colocamos o amor entre a bestialidade e o preconceito? Estou cansado de discriminações e violência em suas diversas formas como cotidiano e normatividade e as diferentes formas de amor se tornando mais um trabalho burocrático, sendo chamado de aberração ou só sendo considerado como mais um excluso-mercado!
Noite e chuva'
Derlour Dantas
A chuva faz uma orquestra, molhando tudo o que consegue tocar. Ela se insinua no vento, parecendo bailar com um cavalheiro robusto e flexível. Ela baila até seu corpo tocar a superfície inconstante, ora uma telha quebrada no chão, ora a grama que deveras ter sido seca e opaca, ora apenas o chão que agora se faz lamacento por culpa da chuva. A chuva, sua melodia e dança, me fazem lembrar as lágrimas diversas, a dos sorrisos profundos e das tristezas leves e tantas outras lágrimas que se foram e vêem. A chuva é uma dama de profunda e rara beleza, tão sutil seria se não fosse o vento e o som. As brisas que conseguem passar por entre as gotas e esbarra nas árvores e paredes, provocando balbucios que torna a chuva ainda mais mística e senhora. São palavras minhas, que surgem de outro em meio a mim e na presença cautelosa da chuva que rebenta e parte toda a superfície que toca, modifica, molha.
o Som
Derlour Dantas
Sou uma pessoal auditiva. Gosto do som das coisas... Gosto do brilho também... E do cheiro. Confesso que não consigo eleger um dos sentidos sensoriais. Mas queria por enquanto me ater ao som. Estive precisando de carinho, estou meio carente por esses tempos. O amor se faz presente, perfeito, o melhor para mim. Porém, estou falando da carência de ser ouvido, de ser escutado e entendido pelo que digo. Sem as tantas figuras de linguagem e julgamento, sei que é impossível. Estou desejando o impossível, dando-me esse adendo pela licença poética que me assumo. Estou precisando de colo auditivo... Não por acaso senti um momento de carinho, vozes femininas em meus ouvidos. Elas cantavam seus sentimentos, aparentes exageros que muito se assemelham ao que quero ser ouvido! Assim algumas lágrimas se lançaram, desabafei aos cantos do mundo, ao meu amor fui sincero, a mim fui audacioso... Aqui ficam essas palavras no momento! Som!
Voltando'
Derlour Dantas
A voz de Bethânia parece uma pluma a massagear minha alma. É como se por ela eu pudesse ser diferente, outro ser nesse universo que não caibo. Não caibo não pelo universo ser pequeno para mim, pelo contrário, eu que pareço desnecessário a esses espaços. Sentir-me, certa vez, como uma poeira, um cisco sem existência, mas logo em seguida percebi que incomodava com minha forma e minha essência. Não tenho a Lua nesse momento, Bethânia já se foi, estou sozinho a ver Madagascar na TV, mas estou sem vontade de rir. Apenas quero ficar aqui quietinho. Voltarei para a cama, de onde acho que hoje não deveria ter saído... Exceto, obviamente, pela presença de Bethânia!
T'aime,
Sábado de Lua'
Algo sobre mim'
[sem indiretas, apenas palavras de sobressalto antes de dormir]
[sem imagens disponível]
Derlour Dantas
Estava me preparando para o banho quando alguns pensamentos me tiraram de órbita. Sinceramente não sei por onde fui, nem mesmo pelo que fui levado. Apenas sei que eram pensamentos rápidos e intensos, que logo se foram sem deixar aviso. Em seguida, fui surpreendido por uma sombra na parede e assustado pela mariposa. Pensei que eu ia observá-la, mas na verdade ela quem brincava comigo. Durante o banho uma realidade íntima me ocorreu: eu sou intenso, não sei ser de outro jeito. Sou um sujeito comum que vagueia pelas ruas a se inventa invisível, porém, posso ouvir alguns comentários a meu respeito. Sou percebido! Acho, que como sou, aprendi que só vale se for profundo ou nas alturas, a superfície rasa me incomoda e me fere. Tantos pensamentos vieram antes, durante e após a brincadeira da mariposa. Fiquei com uma certeza: posso ter meus pés no chão, mas minha mente vagueia ou muito acima ou muito abaixo dele!
Não devia'
Derlour Dantas
A mente não consegue se esvaziar, se parece um enredo maluco de muitos retalhos. Vasta é sua complexidade. Tantas imagens, formas e cores. Contudo, todo esse mundo de artes me leva para perto de apenas um sorriso... Tenho medo de nesse conto de fábulas, vencer o vilão. Sabe aquela lança afiada do preconceito? Pois é. Nosso beijo parece imundo e proibido, quando estou nele não me importo. Mas são tantos os olhares. Antes tinha vontade de morrer, por parecer abominável (ainda somos chamados assim: promíscuos, anomalias, pervertidos...). Agora tenho medo da morte, medo do meu bicudo ser prejudicado. Talvez pareça que aqui e agora tenha me revelado, mas nunca coube em nenhum armário... Esse é o problema dos diários virtuais... Parei por enquanto, voltarei aos meus pensamentos de monte!
Sobre "JRock" e me'
Sobre meu carnaval'
Derlour Dantas
Foi-se o carnaval. Não tive a presença de foliões, nem grandes atrações musicais, nada disso. Vi algumas tantas brigas e assaltos na TV, meu primo completamente bêbado chagando em casa aos berros de ameaças, tive até a oportunidade de ver mentiras sendo ditas em forma de homenagens, sem faltar os tantos assaltos vistos em tempo real e ao vivo. Pois é, para mim o carnaval foi regrado a maresias e violências. Contudo houve sim os momentos de alegrias. Em meio à atribulada presença do “espírito carnavalesco” eu meditei, mergulhei no meu íntimo e pude sentir presenças. Lembrei-me de sorrisos espontâneos e jeitos particulares. Vi o mar pedir e oferecer socorro. Pude sentir o céu de um azul anil completamente excêntrico. No mais, meu carnaval foi de emoções intrínsecas e a certeza que nunca vou entender o ‘humano’.