Conversando com o Jão'

Derluh Dantas

Jão, e agora que me perdi de novo? E todas as teorias que aprendi naqueles livros, naquelas aulas, nos ensaios todos, Jão? Não valem de nada frente ao desejo ardente, à paixão. Jão, eu me lembro dos beijos roubados em avenidas, quebradas, esquinas... Beijos tão miúdos e sem sabor. Agora, o que me importa é o beijo não dado, o sabor mais aguardado, o desejo inacabado. Jão, como pode um coração tão ferido e magoado, guardado na caverna mais escura, profunda, se apaixonar de novo? Como pode, este descarado, desejar um abraço daquele sorriso tão lindo, navegar naquela forma tão encantadora em nariz, em covinha, em ondulações? Como pode, Jão? Esse sujeito que vos fala, não sabia o que dizer e quando ouviu aquele som, aquela voz... Aquelas palavras soltas e sem muito a dizer, quer tanto um tanto mais. Como você permitiu isso, Jão? Jorge, o São, não vai gostar quando voltar. Ele deixou você como guardião desse dragão de amar... E você baixou guarda e mais uma vez estou em sorriso, em poesia, encanto e paixão. Oh, Jão, pode não, Jão. – Tarde demais pra voltar, ainda é cedo pra amar, poetizar, mas como controlar esse dragão voador que é a inspiração, a paixão, hein Jão? Fala algo, Jão!

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