Derluh Dantas
Ela chegou segunda. Já era noite e todos pareciam se preparar para
dormir, mas ela queria falar de suas aventuras, contar porque andava longe. Em
seu vestido leve e as sandálias rasteiras, ainda mantinha aquele frescor que só
aquela mulher parecia ter. Ela tecia palavras soltas, difíceis de compreender,
contemplava o amor enquanto narrava sua vida. Ela era uma narradora
completamente intrínseca a quem quisesse entender. Eu ria apenas pelos cabelos
em voo, ainda que não houvesse vento passando pela sala. Aquela mulher parece
ter uma magia que a cerca, provavelmente é a mais sincera consorte de Iansã.
Ela tem o sorriso aberto, o peito leve, o olhar mais intenso e doce que alguém
possa ter. Ela sou eu, minha parte feminina, minha porção mulher. Eu sou essa
mulher que me chamo de Cristina, eu sou essa mulher que se vai por vaidades
íntimas, mas não é presunção, se quiser dizer. Então, convido aos leitores
corajosos e sem juízos de valor, ou que os tenha, não importa o que for, a
conhecer um pouco mais desse personagem que sou. Cristina é mulher da vida, é
amante, dona-de-casa, é vadia. Cristina, são os tantos gritos que essa falsa
moral social tenta calar, tenta ocultar, mas que só faz reacender ainda mais a
tentação, a paixão. Vamos, Cristina, eu preciso demais da sua companhia. E se
algum falso moralista parecer, se tentarem copular, estuprar, violentar ou
calar você, façamos dele um brinquedo roto, que o sofrimento fará transcender.
Um comentário:
Sinto prazer no teu escrever
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