Minha Oração’

Derluh Dantas

Peço licença, primeiro à poesia. Após meu pedido à rima, peço permissão ao povo do terreiro, o povo de coração negro. Eu quero pedir bênçãos ao deus de axé, meu pai em devoção. Quero pedir à rainha das águas, à deusa das marés e à que se veste em vermelho, às três irmãs, quero pedir sabedoria e paixão. Peço licença para às almas errantes e às demais, quero usar o dom literário que me faz esse ser abstração. Logunedé, pai de inspiração e intuição, minha alma carece de sua intervenção para continuar. Que nos braços de Oxum eu reencontre aquela minha característica única em amar, reamar, amar. Nas curvas de Iemanjá que eu retorne ao meu direito em ser livre, voar, nadar. Iansã, não me abandone o direito de lutar e conquistar. Eu peço ao povo de Angola, aos filhos de Queto, em Yorubá de alma, eu peço que me inspirem rodar. Eu peço a cada entidade antiga, a toda e sincera magia que o mundo se inspire um tanto mais em amar. Eu vi gente lutando pelo amor-próprio, vi gente defendendo o amor do outro, eu vi gente tentando salvar. Sei que o mundo anda um tormento, sei que a maldade parece estar vencendo, mas ainda temos uns raros amantes da vida para acreditar. Eu desejo a cada fé ou crença, ou mesmo a falta dela, que os humanos se reconectem à vida, como eu pude sentir na magia daquele sorriso e olhar. E assim eu volto a pedir licença mais uma vez, nos permita amar!

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