“Eu a havia sentido tão perto
durante a noite que sentia o rumor de seu respirar no quarto de dormir, e a
pulsação de sua face em meu travesseiro. Só assim entendi que tivéssemos podido
fazer tanto em tão pouco tempo. Eu me lembrava de ter subido no escabelo da
biblioteca e a recordava desperta com seu vestidinho de flores recebendo os
livros para colocá-los a salvo. Via como ela corria de um lado a outro na casa
batalhando com a tormenta, empapada de chuva e com água pelos tornozelos. Recordava
como preparou no dia seguinte o café da manhã que nunca houve, e que pôs a mesa
enquanto secava o chão e punha ordem no naufrágio da casa. Nunca esqueci seu
olha sombrio enquanto tomávamos o café da manhã: por que você me conheceu tão
velho? Respondi com a verdade: A idade não é a que a gente tem, mas a que a
gente sente.”
(MÁRQUEZ, G. G. Memória de Minhas Putas Tristes. 23ªEd. Rio de
Janeiro: Record, 2012. Pg. 68)
- Assim são os fatos sobre o primeiro Amor:
Nós o sentimos em realidades
e lembranças que ainda não tivemos a oportunidade de vivermos para além de
nossas emoções e ilusões. E tantas vezes temos saudades de momentos que não
existirem para além de um desejo recorrente!
(De Derluh Dantas, 2013)
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