Nazaré, 26 de Abril de 2013.
Querido ser,
A chuva veio salvar algumas almas. Ela sai molhando tudo que encontra
pelo caminho, incluindo minha alma. No fim da tarde, um amigo anuncia suas
mudanças, fala do mar e diz está próximo a ele. Fala de diferentes horizontes,
pinta o passado e festeja o futuro, do presente ele apenas sente em silêncio. A
chuva não para. Eu chorei no escuro do meu quarto, desejando que minha vida
entrasse em um movimento perceptível. Estou deveras cansado desse ócio,
ostracismo, dessa minha inutilidade co-responsável. Rego-me, ao longo dessa
quinta, de café e lágrimas. Há sorrisos provocados pelas palavras e pela
empolgação de meu amigo, seu sotaque diferente e suas fantasias... A chuva
simplesmente insistia lá fora. Algumas gotas caíram em minha face, uma surpresa
atraente. Depois as incoerências intolerantes de meu país... Mais uma xícara de
café. E os estupros de uma mídia hipócrita e passional. Tudo muito estranho com
minha gente. Agora é madrugada, a chuva ainda não cessou, na TV o “A vida Secreta das Abelhas” (Dirigido por Gina Prince-Bythewood, 2008), segredo de uma película de tantas cores, de um amor diferente e de
contraste de cor. E a chuva ainda não parou... Nem lá fora, regando a terra,
nem aqui dentro, molhando minha alma. De tudo que penso, vem um tormento
ambíguo de chuva, fundamental à vida e tão da morte amiga.
Abraços molhados,
Derluh Dantas
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