Derluh Dantas
Não são lágrimas tristes. Essas
gotas que saem dos meus olhos são apenas magia do tempo. Momentos que se foram,
momentos únicos e tão especiais, que mesmo pertencendo ao mais longínquo
passado, ainda se fazem presentes nas emoções, na memória. Agora tenho a chuva,
um livro gentil, música e algumas muitas lembranças... Lembranças que me fazem
passear pelo tempo, indo das ausências do presente para os mais doces contextos
passados. Como para as brincadeiras no terreno da casa antiga, era o elefante colorido e o mestre mandou por divertidas tardes de
domingo. Quando a gente envelhece parece que o domingo é o pior dia... Mas, se
bem me lembro, para mim era o melhor dia, eu já tinha feito o dever para casa e podia brincar de
batalha de bexiga d’água, de gude com os gêmeos da rua, de esconde-esconde com
meus primos chatos e vizinhos. No passado, minhas férias era o lugar mais
aguardado, contudo eu chorava assim que começava – por saudades dos colegas de
classe – e quando terminava, chorava por saudades dos amigos de verão. Nunca fui
muito bom em sentir saudades. Como agora. Eu sinto um aperto no peito e um
pouco de falta de ar, talvez seja o deseja da alma de se libertar do corpo e
viajar para esses momentos tão bons. Mas, não me engano, lembro-me dos tantos
erros, sofrimentos, também... Momentos que pareciam infinitamente dolorosos.
Mas, que agora me fazem perceber como as feridas do caminho se faz belas
cicatrizes, não dói mais. Revisitar o passado é um lugar estranho, não sou eu
que escolho o lugar, nem as emoções que se reavivam ou surgem, pelo contrário,
o momento presente causa a lembrança do passado... O passado interfere em igual
valor nas emoções presentes, mas tudo diferente de antes. Não são lágrimas
tristes. E agora sinto falta do futuro que não sei se teremos.
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