Derluh Dantas
Ela estava linda com seu vestido
leve e seus cabelos naturalmente revoltos. Tinha os olhos marcados de negro,
parecia ter deixado algumas lágrimas caírem e sua beleza parecia um canto
nítido de sereia. Ela estava tão bela em meio àquelas pessoas opacas, que só
depois de algum tempo reparei em sua companhia. Ela estava acompanhada de um
homem sisudo, rusticamente másculo e com uma beleza grosseira. Ele parecia
ostentar a bela mulher ao seu lado como um troféu de algum baba inútil. Ela
estava completamente alheia à conversa na mesa, ela estava alheia a toda aquela
realidade ali. Por longos minutos não parei de admirá-la e acho que meu olhar
acabou chamando sua atenção. Agora ela se aprumava na poltrona como se algo
desconfortável a incomodasse, ao mesmo tempo em que seus seis arrebitavam, seus
olhos estavam mais vivos e sua respiração mais ofegante. Acho que meu olhar reacendeu
uma chama especial naquela mulher, começamos uma troca de olhares insistentes e
insinuantes. Em algum momento, pareceu que nos comunicávamos apenas com as íris
dos olhos a cintilar. Tornamos-nos a menina dos olhos uma da outra... E fui ao
banheiro daquele luxuoso pub no centro de nossa cidade. Ela em um ímpeto de
coragem – suponho – se levantou daquela mesa, onde era apenas um apetrecho, e
foi em busca de quem reacendeu seu desejo de prazer. Ela não perguntou meu
nome, não quis saber da minha vontade (ela já sabia), trancou a porta e me
beijou como se agradecesse por eu tê-la devolvido a vida. Ela foi rápida, suas
mãos tocaram os meus seios e entre eles ela colocou um guardanapo com seu nome,
telefone e o pedido de outros encontros... Ela sabe provoca a vontade de se querer mais. E
eu fiquei no banheiro tentando recuperar o fôlego perdido. Afinal, aquela
mulher que me pareceu tão desprotegida, era uma sedutora sereia que vai a busca
do que quer, aceitando e encarando os mais distintos desafios.
[Continua...]
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