Derluh Dantas
E fica tudo em silêncio, um barulho por dentro sem som inteligível.
Tudo meio tom, metade do que ficou. Falta o brilho, as cores, os odores,
sabores... As lágrimas são domesticadas, caladas e o choro fica contido. Há
sorrisos diversos, dissimulados, amarelos. Tudo meio tom. Não sei se te
encontrei à beira-mar ou à beira-caos. Será que você pensa em mim? Não sei... É
tudo anestesiado, é tudo sem flor, sem pele. A alma parece adormecida, suspira
com alguns encontros, esboça um sorriso ou deixa escapar algumas lágrimas, nada
mais que isso. A luxúria sumiu do contexto, a paixão parece ter se escondido em
outro lugar. E fico aqui, calado, amuado. Visito o passado e não sei te
encontrar. Releio palavras expressas, revejo fotografias, fuço meu baú de
memórias, mas já não te encontro por lá. Não te encontro em lugar algum. Onde
você está? Ainda chove, faz sol. Têm flores, abelhas, borboletas. As poesias
são diversas, estão por aí esperando ser desvendadas. Há rimas, inspirações,
abismos, paixões. Tudo em seu mais diverso lugar. Mas, não sei onde estou e não
consigo me perder, me encontrar. Será que você existe para além de minhas
fantasias? Você não precisa responder, nossos olhos vão revelar no momento em
que o encontro acontecer.
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