Derluh Dantas
Então, vou falar de mim. É uma
opinião, uma reflexão sobre essas notícias, os comentários, as coisas que
escuto e vejo pelo mundo, que me provocam lágrimas. Um pai que se utiliza de
“corretivos” violentos para modificar as características próprias do filho de
oito anos, com tal corretivo, acaba por corrigir tão bem, que põe fim a vida de
uma criança. Um representante político de uma nação que chama seus eleitores de
“aberrações que merecem umas palmadas corretivas”. Pessoas que dizem que amam o
sujeito, mas não aceitam suas práticas. Sujeitos que usam preceitos equivocados
de apenas uma religião, para dizer o que é digno ou não na vida do outro, na
dinâmica do grupo, na sociedade que é diversamente ampla em crenças, ritos,
características. Vejo sujeitos se revoltarem com demonstrações de afetos
alheios. Pessoas que defendem a violência contra alguém que não usa a roupa da
maneira certa, contra o homem que prefere balé “ao bom e pacífico futebol”.
Choco-me com essa supervalorização de um ideal que não se sustenta nem ao mais
rústico dos homens, esse machismo exacerbado. Claro, você tem direito de ter a
opinião que quiser, sobre o que quiser, burrice é algo garantido por lei. Mas,
violência, pelo pouco que entendo de legislação, não! Eu acho uma atrocidade que
as pessoas que se dizem humanas, defenderem que um sujeito que atenta contra a
própria vida tenha a falta de alguma entidade religiosa no coração, que alguns
chamam de Deus. Eu acredito piamente que a falta de “Deus” no coração provoca
pessoas que não compreendem a dor do outro, que não são empáticas com o
sofrimento alheio. Mas, tudo bem... Quem sou eu, não é mesmo? Sim, eu sou
alguém. A pergunta que me fica é: Se a sexualidade de alguém é escolha ou não,
do que os outros se valem para interferir? Se for pecado, o pecado não é algo
pessoal, uma conta particular que deve ser paga entre o pecador e seu Deus? Se
não fosse tão trágico, seria cômico ouvir as ‘palavras de salvação’ que muitos
dispensam por aí. E saindo de religião, o que importa se o menino prefere
vestido ou a menina prefere bermudão, qual guerra uma simples vestimenta poderia
provocar em toda nação? Acredito que “cada um veste aquilo que lhe cai bem” –
sendo esse bem, o sentir-se bem e não o que os outros pensam ser o melhor. E
achar que o outro está ‘mal vestido’ não é direito para ridicularizarão ou
ofensa. Recentemente, em uma festa popular, em uma cidade qualquer, percebi que
aqueles que deveriam zelar pelo bem comum, tratavam com desnecessária violência
as pessoas que tinham uma cor mais escura, uma idade mais jovem, um jeito mais
gentil. Eu não sei ao certo que parte me cabe nesse bolo, mas me enoja a
existência de pessoas que não aprendem a conviver com o outro, independente
desse outro se apresentar tão diferente quanto ele puder.
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