Eis me nu'

Derluh Dantas
Eis me aqui de novo. Eis me aqui com essa poesia torta, com essas fábulas estranhas, essas histórias inacabáveis. Eis me aqui no meio do caminho, no caminho pelo meio. Eis me sem vontade de seguir, sem desejo de voltar. Sem ter pra onde ir, sem ter tempo para esperar. Eis me aqui sem novidade, pela metade, rachado e caído. Suspenso pela fantasia, meio opaco, pouco brilho. No ar.  Eis me aqui, sem travessão, sem vírgula, sem ponto final. Eis me aqui sem continuação, sem ação, pela beirada da realidade. Eis me cansado, sentado, molhado. Eis me querendo outra estação, alguma emoção, uma novidade. Eis me transbordante de saudade, sem mocidade, jovialidade sem expressão. Eis me menino escondido. Eis me nudez castigada. Eis me aqui, desejo e meio nada. Eis me cheio, vazio, contradições. Eis assim, meio repetido, meio repartido, meio brio, sem elevação. Eis me aqui, mais uma vez. Eis me aqui, desabafo e sem conclusão. Eis me aqui, como se importasse, se valesse algo, como se houvesse alguém para ouvir, repartir, aludir. Apenas, numa nudez sincera. Sozinho e confuso. Chato e denso. Arredondado, quadrado, de barriguinha, pneus, pelos, barba... Para além do nome, dos adjetivos, das palavras. Somente assim. Eis me aqui... Eis me nu!

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