De Moringa Leve'

Derluh Dantas
É madrugada e ele não consegue dormir. Roda no quarto como se pudesse dançar um samba de terreiro ali. O silêncio o envolve como uma bruma inebriante de som. Será que os Erês estão querendo brincar? Ele busca nas paredes azuis a sombra dos Eguns, mas ninguém parece querer acompanhar. Ele está sozinho em seu quarto, apenas o reflexo no espelho e alguns pensamentos soltos, que bailam no alto, ele não consegue alcançá-los para traçar uma companhia. Cristina parece que saiu para dançar em outro lugar, ela anda meio perdida da inspiração dele, ele a criou mulher livre e solta, não tem conseguido encontrá-la... Pensou em tecer sobre banho, mas enjoou só de pensar. Divagou um tanto mais e se perdeu entre os lençóis, pareceu cochilar. Mas, estava ainda acordado. Despertou com uma mariposa a fazer barulho em seu voo noturno desengonçado. E se falasse de revoltas, ímpetos de sua alma? Estava niilista de mais para isso. Estava tão entediante que se pudesse daria uma desculpa a si mesmo e sairia para um lugar onde não se encontrasse. Porém, o engenheiro de corpo e alma não pensou em separá-las quando a insuportabilidade fosse presente ou longínqua. Entre esses devaneios tolos, a mariposa sussurrou algo em seu ouvido, assustou o moço bobo, fez pular, girar... E tudo o que a mariposa disse foi:

 - Mesmo ma madrugada mais escura e silenciosa, tem uma magia peculiar a quem souber apreciar.

- Mariposa, deseja me tirar para dançar?

Ambos ficaram a rodar desengonçados e livres no quarto azul escuro. 

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