Derluh Dantas
Noite de terça e a temperatura é alta. O ventilador já não
refresca, apenas atiça o vento inerte da sala, sem provocar brisas
refrescantes, só um bafo quente. O corpo sua, a mente gira, sem criatividade ou
inspiração para nada. Algumas imagens na tela iluminada, na televisão algumas
cenas despercebidas. Há o barulho do ventilador, de algumas falas de
transeuntes na rua... Sem som para ser levado à distração. Os pensamentos são abstratos,
sem muito contraste ou cor. A fome começa a anunciar sua presença, burburinho
no estomago. Algumas palavras surgem, mas nada muito digno de registro ou
divulgação. Na cadeira vazia ao lado, a inspiração se levanta, vem em minha direção...
Com suas mãos suaves, segura minha face, me beija os lábios, tornando-os
úmidos. Acaricia minha fronte e se vai pelo escuro do corredor. Eu fico jogado
ao sofá, sem compreender aquela visita ou sua manifestação. Volto ao abstrato
de meus pensamentos, meus momentos, dias. Onde foi parar minha alma, andorinha?
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