Derluh Dantas
Sentou-se próximo ao mar, queria que as ondas o acertassem
fazendo despertar para a vida. Ficou alguns minutos em silêncio, apenas ao som
do mar e do vento. Deixou algumas lágrimas caírem por descuido, por saudades,
por vontades mal resolvidas. Sorriu de alegria e para disfarçar a tristeza que
apossara de seu ser. Não tinha muito do que reclamar até aquele momento, mas
ainda assim se sentia faltoso, sentia como se uma parte de si faltasse por completo.
Olhou para trás e viu algumas pessoas caminharem, algumas sorriam um sorriso
tão sincero e outras uma máscara tão mal acertada. Viu a diversidade das cores
para além do horizonte azul. Imaginou se naquela imensidão de possibilidades
havia algo que realmente fosse seu, fosse para desabrochar o tempo, a própria
vida. Não sentia caminhar, sentia-se apenas cansado das vezes que os olhos não
abriram e foi surpreendido pelos acontecimentos torpes da vida. Não culpava
ninguém, sabia das suas próprias responsabilidades. Pensou em levantar-se,
sacudir a areia preso no corpo e provocar as próprias mudanças em sua história.
Mas, ficou quieto, não sabia por onde começar. Mesmo próximo ao mar, mesmo com
as ondas a provocarem calafrios e o som do vento e do mar, está completamente
perdido aos acontecimentos de sua vida. Pensou em desistir de tudo e mergulhar
àquela imensidão, não metaforicamente pensando... E pensando, lembrou da metáfora
do mergulhar-se à vida. Levantou, espreguiçou-se e decidiu caminhar um pouco,
talvez catar algumas conchinhas permitindo que as idéias lhe surjam. Sorriu
mais uma vez pelo passado, não o de ontem, mas o de quando era criança e fazia
planos de ser gente grande, de ser gente livre. Provavelmente, a criança que
fora teria uma dúvida para aquele ser de marcas nos olhos: Por que não assume
aquilo que se é e vai à luta daquilo que se quer? – Crianças sempre tão
sinceras e práticas às próprias fantasias de desejos... Onde ele deixara sua
criança? Caminhou mais um pouco à beira do mar, deixou as ondas o molhar por
completo, depois de muito caminhar decidiu dar um mergulho...
Nenhum comentário:
Postar um comentário