Derluh Dantas'
Parecia uma mulher comum. Tinha os cabelos cacheados, cabelos cheios
que chegavam ao meio da costa curvada. Os seios pareciam pequenos relevos
pontudos, mas conseguiam encher as mãos de qualquer amante que sabe acariciar
um belo seio. Seu corpo era de uma mulher adulta, que não parecia ainda ter
amadurecido como mulher. De toda a sua fuga do padrão de beleza estabelecido,
os seus olhos e sorriso despontava ser uma mulher atípica. Ela caminhava pela
rua com seu vestido feito à mão, parecendo ser reaproveitamento de retalhos,
mas lhe caia tão bem com aquele andar sinuoso, sem parecer oferecido ou vulgar
e aqueles cabelos soltos, embaraçados e livres ao vento. Era uma deusa entre as
mesquinharias dos homens. Era uma mulher que de tantas marcas, feridas abertas,
preservava na expressão de sua presença a leveza de uma dama, de uma moleca.
Talvez, caro leitor, você pense que eu a conheça de algum lugar, que eu a tenha
inventado, mas nenhuma afirmativa é real. Eu esperava no carro, minha mãe tinha
ido comprar vassouras... Quando o calor assolava-me a fronte, vir-me-ei para o
lado e não de espanto lá estava aquela mulher, não era nenhuma beldade, mas do
jeito que a vi, parecia uma ninfa fugida de algum conto mítico de Homero. E eu,
um oráculo vago e inexperiente a observá-la! – Queria amá-la de verdade, apenas
como uma mulher pode amar outra mulher – Que me perdoem os falsos deuses, eu
desejei fundir-me a ela – eu sendo outra mulher de seios, pele, lábios e
cabelos, duas deusas em nirvana descoberta!
Um comentário:
Oh... Só de ler, desejei te-la em meus braços também. Lindo e único, como a maioria das coisas que você escreve!!
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