Uma Fábula Que Senti’

Derluh Dantas
E tudo começou com uma dor de cabeça que não passava. O enjoou era a confirmação da minha covardia, mas minha alma já não suporta mais dissimular, aquietar-se ou mesmo forçar essa tão comentada ‘adequação’.

Eu não sou bom com máscaras, tenho rinite alérgica e minhas crises não surgem apenas da poeira nos objetos reais, mas acontecem também com as poeiras incrustadas pelos recantos da minha alma.
Máscaras me fazem mal, me sufocam, me prendem a respiração. Provocam-me vômitos. Não por menos, eu vomitei em cima do motorista de ônibus – o cara que aperta a aceleração, o freio, o que guia...

Minha alma pedia que eu tomasse outro rumo, que eu me lançasse na sinceridade do desejo, do caminho partido, do caminho intacto. Chega do ponto certo, do previsível.

O primeiro vômito deixou um cheiro forte e ruim, azedo, incômodo... Mas, era parte do que já foi belo, do que engoli, do que não digeri, que eu não permiti ser transformado pelo meu organismo.
Depois, os vômitos foram verbais, simbólicos. Permiti a sinceridade mais autêntica de meus ‘idiotas’ sentimentos. Não me arrependo de absolutamente nada.

Eu senti dores profundas, eu tive vontade de fugir, de me esquivar mais uma vez da minha sinceridade, da minha paixão, liberdade... Mas, a vida resolveu-se pelo embate, pelos pés presos e o corpo nu, alma crua.

Confesso que eu não sei amar, eu não sei o que é o amor... Não aprendi ainda a ser adulto e não consigo mais me esconder embaixo da mesa ou da cama de meus pais, sempre fica uma parte exposta – então, optei pelo exposto completo. Escapei das rotinas sem nem ao menos perceber... Ou pelo contrário, assumi a rotina mais sincera que anseia minha alma: a de ser livre.

Eu devo desculpas aos sujeitos que surgiram nesse meu processo de transformação. Porém, mais que desculpas, eu tenho por cada um em especial, a dívida do agradecimento tímido e singelo. Eu agradeço como se fosse menino que descobriu através desses sujeitos a possibilidade de usar as próprias asas.
Foram duas noites apenas, emendamos aos dias... Foram momentos únicos, que coloriram, contrastaram, perfumaram meu espírito o enchendo de graça.

Assumo meu platonismo, assumo que não posso abrir mão do que me faz ser gente, do que faz ser eu... Eu amei dois seres tão distinto entre si e descobri a intensidade desse sentimento por vômitos ainda mais notáveis, dolorosos e libertadores...

- E se ele pudesse se ver pelos meus olhos, ele entenderia cada palavra que sua presença me fez escapar, tingir... Agora a dança tem outro tom, a ‘Oração’ é diferente... Eu já sabia que ‘o coração não é tão simples quanto pensa...’, mas graças a sua presença... Platônico amor!

Obs.: Eu queria que aquele certo alguém lesse, se importasse, compreendesse a entonação!

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