Derluh Dantas
[Partida]
Não vou falar de dor... Mas, por que começar a dizer algo,
justamente, pelo que não vai ser dito? Apenas para evitar o mal-entendido. Quantas vezes achamos que é passado, que é
memória ... algo que ainda sentimos? Muitas vezes, ao menos, é assim comigo.
Uso muitas vírgulas, bem verdade... Uso muitos tempos verbais, pronomes e
qualidades. Uso o que me usa no momento. Assim tem sido meu presente e passado,
eles se mesclam em um sentimento único, ora sorrisos bobos, fora de tom, ora
lágrima sincera, calada, oculta. Dia desses, em meio ao presente, ouvi planos
para o futuro, expectativas e liberdades... Em meio à novidade, no presente,
uma pergunta de como anda um específico passado. Não soube o que responder... Mais
tarde minha alma disse em alto e bom tom: “o sentimento continua o mesmo,
continua no mesmo lugar, só que guardado”. E não soube o que senti naquele
momento. Não quero o passado de volta, não existe lugar para voltar. Sempre foi
platônico, foi o primeiro... Talvez, por isso ainda exista aqui dentro, em
algum lugar... Não ofende, tampouco concorre com o presente ou o futuro que
possa surgir. É como um artefato de guerra, que existe para não esquecer quem
sou, como cheguei até aqui. É algo meu, é algo de mim, é meu passado, aqueles
dentes alvos e aquela arcada dentária idiossincrática – que nem existe mais.
Não tem como outro alguém entender, conhecer. Nem eu, muito menos você, tenho a
clareza do que me aconteceu nesse começo, nessa entrada no mundo da cantiga de
amigo, na ciranda do amor. E aquele apelido tosco ainda me provoca riso e
aquela sua ausência ainda me provoca isso...
[Sem fim.]
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