Sobre asas e tatuagem


Qual bebida você usaria no final? O que cairia bem com a despedida? No meu caso foi uma xícara de café amargo, que conveniente [risos]. O fim não era declarado, não havia acordo do que aconteceria daquela porta pra fora. Tiramos o lixo, varremos os cômodos, tomamos uma xícara de café e minha alma gritou lá de dentro que aquele seria o nosso final, o último encontro, a última correnteza de trégua e companhia. Os lábios tremeram um pouco, mas a vida foi decisiva, não haveria reencontro por um longo tempo. Durante anos, uma das partes lançava algumas palavras escritas ao mar, do outro lado eram lidas com o sangue manchando a alma, as lágrimas correndo à face. Depois de outros anos decorridos, houve tentativa do outro lado, mas aquelas palavras ao mar limparam aquele lado da ilha, as folhas secaram, era outra relva, outra melodia. Mas, o que dizer sobre essa lembrança daquele café amargo e os banhos de ‘chuva’ antes dele? Não, não pense em lamento ou vontade de retorno, o atual contexto não permite nada parecido. São só palavras de alma que se fez menina e na virgindade de sua maturidade, quis convidar o passado pra uma dança, quis que o tempo se misturasse e um universo paralelo pudesse ser refúgio e carícia. Perdão pelas fotografias partilhadas, perdão pela poesia embotada, perdão pela despedida... Há uma dor do pensamento caído, por que ‘diaxo’ eu sou esse eu?

- Deseja mais uma dose de café, outra prosa, um beijo e uma poesia? Pode ficar a vontade, talvez eu não volte mais aqui, como saber?
Com amor,
Derluh.

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