Eu não conheço nenhuma oração
sincera de amor... O sentimento não respeita muito as conjugações consonantes,
as concordâncias, os planos. Pareço estar me repetindo ao dizer isso. Mas, como
disse o Renato, “qual palavra nunca foi dita antes”? Se souber resposta alguma,
diz em silêncio... Qualquer barulho, ainda que pequeno, pode espantar esse
pássaro colorido do talhado. Sinto você tão perto, que posso sentir em minha
pele, meus pelos arrepiam. E penso que vamos nos encontrar no cruzar da
esquina. Você não está lá ou apenas não cruzamos ainda nosso olhar. Seu cheiro
vem em brisa leve e me faz sorrir como criança ao ver pela primeira vez o mar
ou o voar de um passarinho. Não sei o cabimento deste dito, mas seu sorriso me
inspira insanidades boas, faz parecer que o mundo é magia melhor... Faz-me ser
mais vivo, que a sobrevida que aceitei ou descubro todo dia em mim. Mas, não
há oração cabível, o passarinho já percebeu minha presença e arrisca o voo. De
cada palavra cuspida, uma 15 se amontoam lá dentro e faz confundir a vigília. Esses
não eram os planos, não era o enredo imaginado. Porém vale a ressalva de que todo caminho é o correto, qualquer escolha é a certa, tudo é verdade, afinal de contas, como bem dito por Tennessee
Williams, “tudo poderia ter sido outra coisa, e seria um elemento igualmente
importante”.
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