or-a-ção'

Derluh Dantas
Eu não conheço nenhuma oração sincera de amor... O sentimento não respeita muito as conjugações consonantes, as concordâncias, os planos. Pareço estar me repetindo ao dizer isso. Mas, como disse o Renato, “qual palavra nunca foi dita antes”? Se souber resposta alguma, diz em silêncio... Qualquer barulho, ainda que pequeno, pode espantar esse pássaro colorido do talhado. Sinto você tão perto, que posso sentir em minha pele, meus pelos arrepiam. E penso que vamos nos encontrar no cruzar da esquina. Você não está lá ou apenas não cruzamos ainda nosso olhar. Seu cheiro vem em brisa leve e me faz sorrir como criança ao ver pela primeira vez o mar ou o voar de um passarinho. Não sei o cabimento deste dito, mas seu sorriso me inspira insanidades boas, faz parecer que o mundo é magia melhor... Faz-me ser mais vivo, que a sobrevida que aceitei ou descubro todo dia em mim. Mas, não há oração cabível, o passarinho já percebeu minha presença e arrisca o voo. De cada palavra cuspida, uma 15 se amontoam lá dentro e faz confundir a vigília. Esses não eram os planos, não era o enredo imaginado. Porém vale a ressalva de que todo caminho é o correto, qualquer escolha é a certa, tudo é verdade, afinal de contas, como bem dito por Tennessee Williams, “tudo poderia ter sido outra coisa, e seria um elemento igualmente importante”.

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