Derluh Dantas
Olho em volta e sinto que esse não é meu lugar. Mas, não sei como sair,
não sei pra onde ir, como fugir de mim. Por vezes, surge uma mão estendida, um
brilho único de sol, mas na sequência esta mesma mão me afunda mais no poço
profundo. E meu coração vai se enchendo de marcas, finjo que ele se transforma
em pedra... Na sequência insana, um sujeito me encanta, me faz querer asas
maiores, reais. Porém, quando digo onde estou, mostro parte do vermelho do meu
coração em pedra, o sujeito some sem adeus. Assim tem sido meus
relacionamentos: “Oi! Quero! – Silêncio profundo!” Em um intervalo de tempo
cada vez mais rápido. Dizem que são tempos virtuais, da liberação sexual, da
perseguição aos diferentes. Mas, o que me dói é não me sentir desse lugar. Há
belos prédios, sujeitos lindos, histórias encantadoras... Só não se encaixa em
minha’alma. Estou perdido. Não preciso de colo, de compaixão. Eu necessito de
vida. Sei que aos práticos, há muitas dicas interessantíssimas e extremamente
óbvias. Mas, se fosse fácil, acha mesmo que eu estaria ainda aqui? Lembrem-se,
apesar de parecer um diálogo, onde falo sozinho... Isso é um monólogo meu,
silenciado, silencioso, num quarto azul. Eu, cercado de filtros dos sonhos e
sonhos caídos no chão, espalhados, sem função. Qual esquina eu entrei por
engano? Qual estrada foi um erro? Eu não sei, não há como saber. Sou filho das
águas, herdeiro das matas, sou fruto dos ventos e assim entre concretos de cor
cinza e gente distinta – eu de fato não sou daqui! Nesse lugar, eu tão comum,
não caibo nem em mim!
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