Dane-se, coerência!

Derluh Dantas
A canção não mudou o timbre ou os acordes, mas ela me provoca outros ritmos. As cores, verdade que desbotaram um pouco, até tentaram retocar o tom, mas meus olhos absorvem outra nuance. O tempo, não sei se mudou, simplesmente, o sinto diferente. Há um assalto das horas, meus sorrisos andam desbotados... Confesso que gargalhei dia desses sem motivo, mas foi um estrondo sincero que me ocorreu. Ri até as lágrimas e soluços surtarem. Não sei se foi a poesia que tive vontade de ler e não encontrei, se a canção que desafinei ao gritar na cozinha, se a dança que me fez tropeçar no banheiro... Não sei ao certo. Talvez, foram os filmes vistos nessa sessão de segunda... O fato é que assumo por conceito e sentido a finidade das coisas. Sim! As pessoas esquecem nosso endereço, simplesmente vão embora e somem. As coisas quebram, racham, são levadas ou perdidas no caminho. Os momentos nem sempre são presentes, ora são lembranças de um passado criado ou existido, ora são desejos e expectativas de um futuro irreal ou aparente. É eu lírico e pseudo-liberdade no mesmo pacote de linho azul e fita dourada. Esse sou eu, um misto de contradições e superfícies. Eu sou esse velho corcunda e esse menino de olhos sedentos. Quero um amor que me tire pra dançar e que descanse ao lado quando nossos pés estiverem cansados e doendo. Quero o brilho da visita de amigos ao domingo, quero o clichê de comerciais de margarina, mas pode mudar os casais, as cores, a rotina. Eu só quero desses comerciais o sentido sobressalente de felicidade despretensiosa, de compromissos em prazer. Eu quero novas canções e o momento delicioso de deleitar-me às antigas, quero deixar as pessoas irem embora, outras chegarem, todos sermos livres. Saudades estranhas daquela parte que não vivi da poesia: “estar-se preso por vontade”! Mesmo que não haja portas ou celas, ficar apenas pelo prazer da companhia. Que vontade boba de ciranda, poesia sem métrica ou rima, sorrisos de cores tantas. Desculpe-me a falta de cadência, a falta dos fogos, argumentos, artifícios... Estou no momento que desejo uma companhia que siga ao lado, em sintonia com o som ou o silêncio, sobretudo com a cumplicidade do sorriso, da lágrima, da ausência. Essa é mais uma tentativa para explicar que as coisas acabam e sinalizar o momento de abertura para poesias e danças que não ousei, expressar que o desejo se torna algo mais que latente.
O fim!?
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