Derluh Dantas
E se de repente eu
fosse tragado pra um mundo mágico, um lugar diferente?
E se lá não houvesse
tecnologia de comunicação alguma, só tato, olhos nos olhos e boca próxima aos
ouvidos?
Nesse lugar a verdade
é um carinho constante e mentiras só daquelas que surgem em fantasias para
criança dormir ou adultos sorrirem do estapafúrdio do dito.
E se dragões fossem
animais perigosos, mas ninguém tentasse roubar seu coração. Do tipo animal que
a gente não perturba e não perde um braço.
Nesse lugar as águas
são tão confiantes nos seres andantes, que podemos nadar com baleias, sereias,
tubarões.
Não tem cerca
alguma... Apenas algumas pontes, mirantes abertos, ninhos e muitos corações
acolhedores.
E se perguntarem se
há tristeza nesse lugar, há sim... Choramos a noite por saudade do dia, mas
logo surgem outras magias... E choramos ao dia por saudades da noite, mas não é
uma rotina fixa.
Ninguém é chamado de
louco por brincar de ciranda ao ar livre, ou por falar sozinho, ou por amar
demais... Ninguém é doente por oferecer e receber afeto.
Se há crime? Não sei
ao certo... Mas, soube que uma vez um rapaz de olhos azuis roubou uma maçã para
dividir com sua amada de olhos negros. Enquanto os dois fugiam correndo,
perceberam que a maçã não tinha dono algum para além da natureza e do desejo de
quem a comesse.
É um lugar encantado,
só pode ser... Lá humanos não se ofendem por ser chamados de animais, mas não
se comportam de forma alguma como os bestiais de outro mundo que vi.
É um lugar construído
em amor, o mais puro e simples que já se soube existir... E não há religião, condição
social, exclusão. Todos têm direito a vida e respeitam isso com fervor, paixão
e senso coletivo.
Lembro que vi um muro
certa vez, mas ele era apenas um espaço para expressão. Havia muitas frases
bonitas, fotografias, pinturas e musgo verdinho... Dizem até que alguns Deuses
rabiscaram cantigas nele.
Eu devo ser um louco
por ainda estar aqui e não fugir de vez para esse mundo da lá.
– Se fosse possível,
você iria comigo e deixaria pra trás toda essa conquista que de nada vale ao
Amor legítimo de acolá? –