Derluh Dantas
Eu confesso. Depois de muitas discussões, reflexões e abstrações. Eu
confesso, estou confuso sobre o amor. Por um tempo fui fiel ao sentimento que
não existiu para além de mim, não tinha pincel ou tela para expressar. Acreditei,
então, que o amor podia ser esse apenas doar, cuidar, silenciar... Mas, depois
quis mais... Guardei a fidelidade e aquele sentimento bem fundo no baú e fui
experimentar a vida, arrisquei outros tons e comecei a buscar ou permitir o
amar. Agora imaginava o amor em ação. Mudou de nome, mudou de forma, agora ao
invés de amor, eu quero o amar. Arrisquei uns passos e tropecei em todos.
Arrisquei uns pulos e fui ao chão, como a certeza do que acontece a um tomate
lançado por alguém na multidão. Depois desses riscos, eu desisti, talvez o amar
não seja para mim. Fui ficando raso, sentia algumas saudades minhas, até pensei
em me querer de volta, em me procurar, mas já havia me tornado raso de mais.
Assim, um olhar doce surgiu, um olhar que pareceu me destacar na multidão.
Arrisquei um tanto de ousadia, quis saber mais sobre o olhar. Fui à busca,
conheci, encontrei, reencontrei... Em meio aos encontros, desencontros,
desencantos, eu inventei de entregar-me. Porém, esqueci que sou como o mar e
amar para mim é como ele fica em março, cheio de ressacas, correntezas,
explosões. De longe, talvez, eu era interessante, de perto me tornei esse fardo
que se precisa nadar para longe. E uma vez longe, para que voltar? Assim, eu
retomo ao tempo do amor e descubro mais uma vez que não me cabe, talvez, o amar!
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