Derluh Dantas
Surgiram-me
contos prontos, poesias, canções. Eram palavras para falar de mãe, uma
homenagem, uma inspiração, coisas minhas e de minha mãinha. Mas, palavras
parecem pequenas, resumidas, coisas espremidas que são muito pouco para se
falar de mãe. Ainda assim, aqui estou, tecendo meus pensamentos soltos, que vão
surgindo em forma de imagens, de cores, de sons, dessas palavras.
Mãe, mãe é
completamente mítico, heróico, é aquela pessoa que fica ao seu lado mesmo
quando até você tem vontade de se abandonar. Ela sofre só em ver seu cabelo
desgrenhado, ao mesmo tempo sorri de seu desleixo e se culpa por ele – costuma
ter esse ‘dom’. Ela te ordena coisas, prever chuvas, ventanias, catástrofes e
tudo mais que possa acontecer em sua vida – adora um “eu não avisei?”. E provavelmente
tinha avisado mesmo. Algumas conseguem empurrar os filhos para fora do ninho,
fazendo-os voar nos primeiros ventos, mesmo que o coração fique apertadinho na
garganta. Outras, não empurram nunca, seguram, voam ao lado, usam celulares e
telefones a cada minuto só para ouvir que ‘está tudo bem’. A minha é um misto
dos dois. Reclama que estou lendo muito e reclama que não estou lendo nada – no
intervalo de tempo inferior à uma hora, por vezes. É a minha contradição mais
sincera e cordial da vida. Às vezes, eu fico querendo um colo e acho melhor
deixar pra lá, já estou crescido para cafuné... Só que ela continua me dizendo
a hora de dormir, de cortar o cabelo, as unhas, de comer alguma coisa... E tem
momentos, que aquelas mãos de tantas histórias pousam em minha cabeça
fazendo-me sonhar.
Mãe parece um
abrigo surreal para essas rotinas ‘estranhas’ do mundo. Ah! Estou mesclando
minha mãe com as demais, vale ressaltar. Mãe nem sempre é mulher, mas
preservarei o lugar do feminino, do alimentar, do cuidar, do ser altruísta na
forma mais pura do conceito ou da abstração de ser cuidadora – ressalvo que
existem muitos homens que conseguem este papel de mãe, de maternal. Como disse
e reitero, mãe é algo mítico, fundamental, fabuloso... Tantos adjetivos vão me
surgindo e sempre acho que esqueço alguns.
Minha mãinha,
eu aprendi o amor pelos seus olhos. Eu descobri o respeito pelas suas mãos. Eu desvendo
o mundo pelos seus abraços. A vida é mesmo uma mãe, sem desconsiderar nem um
pouco a mãe de carne que nos alimenta, que se sacrifica pela felicidade, pela
saúde, desenvolvimento, crescimento de seus filhos – que aos olhos dela sempre
será uma criança que precisa de todo zelo maternal. Minha mãinha, foi mãe dos
próprios irmãos e ainda é... Mas, contar sua saga nessa história, não caberia
ao tempo ou às palavras que disponho e ainda assim seria pequeno demais.
Mãe é aquele
ser que tem um dia para ganhar presente, mas que todos os dias nos presenteia
com a dádiva da vida, ainda que já tenham ido embora para outras histórias que
não conhecemos ainda.
Eu vou me
desculpar agora, não aos leitores que por ventura estejam lendo essas palavras.
Peço desculpas às mães, não conseguimos ser essa extensão dos seus sonhos, mas
sei que mesmo com toda projeção e expectativa, essas lágrimas em cada passo que
nós (seus filhos) damos é sincera e mescla um tanto de tristeza e muito de alegria.
Somos seus presentes diários, mas, você, mãinha (dos outros ou minha) é o
presente mais belo e fundamental de toda e qualquer vida.
Fui mesquinho
e pequeno nessas palavras, eu bem sei... Mas, mãinha gosta mesmo é de abraço,
de sorriso de filho e por mais que a poesia seja mesquinha, ela vai achar lindo
só por ter sido feito pelo seu menino. – Faltou uma palavra para falar de mãe,
mas é que para mim, ambas são as mesmas e parecerá retórico demais, mesmo
assim: Mãe além de vida, é o mais próximo do Amor que se tem notícia. Mãe é
amor, mãe é vida, mãe é mãe para além de toda e qualquer rima ou poesia!