Derluh Dantas
Não encontrei meu emprego. Não fui descoberto por um bom amor e nem o
descobri em uma esquina qualquer. Diria que os traços são negros no fundo
branco. Tudo concreto, ilusório e desilusão. A inspiração tem me sido um efeito
rápido e eufórico, sem tempo de elaborar uma apresentação. A poesia surge de
uma fotografia de anjo-humano, das formas das ondas no mar, dos golfinhos rosa,
vistos na travessia... Tudo introspectivo de mais para o público exigente. Tem
um doido que se diz salvador das almas perdidas, outros doidos que só pensam no
ritmo concorrente de uma loira, de uma morena ou de um careca com cachinhos. Eu
estou no mundo, faço parte dele, mas não me sinto assim. Acho que estou meio
fora do lugar, meio peça de lego em quebra-cabeça confuso. Mas, existem uns
momentos de contrastes, momentos em que me sinto tão parte disso tudo, que me sufoco
de sentidos. Por exemplo, o salvador divino me provoca náuseas, revolta e o
mais puro ódio – sendo sincero – primeiro, por sermos colegas de profissão e
segundo, por sermos considerados da mesma espécie – e por ele causar tanto dano
usando-se da vulnerabilidade alheia e ainda rir alto, milionário. Eu sinto uma
dor cortante, que me atravessa a alma e me faz estático, confuso. Revelaram-me
meus maiores defeitos: sou dramático e previsível. Essas palavras não custam
muito, não precisa desvalorizar! Ficarei em pensamentos...
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