Derluh Dantas
Nossa
cor
Disseram
que era imoral e impura.
Mal
sabem da noite
Da
necessidade do escuro.
Nossa
religião
Perseguiram,
disseram que era do demônio
Impuseram
sua salvação.
Da
nossa cultura,
Chamaram
de bruta e pré-histórica
Esqueceram-se
de onde vieram os humanos
Seus
utensílios e ritos,
A sua
própria história.
Antigamente
usaram ciência e religião
Para
justificar que éramos inferiores
Dignos
de escravização e exploração.
Servos
do senhor branco.
Agora
que conquistamos mais espaços
Eles
tentam nos retroceder, dizem que o crime tem cor
Que
somos naturalmente violentos e imorais
Nada
sabem de justiça e história
Parecem
idiotas em folhas brancas e pardas
Há
até folhas negras querendo ser alvas
De
tão lineares e rasas
Não
foram usadas pelo dom da criação.
Papel
costuma ter valor,
Quando
rabiscado e escrito
Marcado
pelo poder de sua luta
Potência
de seu grito.
Hoje
não comemoro a assinatura
Mas,
lembro-me dos meus ancestrais
Daqueles
que não são Tias Anastácia,
Nem
Tios Barnabé.
Comemoro
os que fizeram resistência e revolução.
São
os Quilombolas e capoeiristas
A
umbanda e o candomblé
O 13
de maio é uma falácia.
Respeitem
meu cabelo,
Minha
pele e seu tom.
Respeitem
meus ritos,
Minhas
crenças e minhas contas
O
canto que entoa em minha alma
E
minha casa
Deixem-me
ocupar os espaços
Os
públicos e privados,
Sou
membro ativo dessa nacionalidade.
Negro
e digno de respeito
Direito
e representatividade.
Nunca
fui escravo,
Sim,
fui escravizado pela brutalidade branca
Pelo
dominador corrupto e imoral.
Por
enquanto, tem mais.
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