Que tem de mais no 13 de maio...

Derluh Dantas
Nossa cor
Disseram que era imoral e impura.
Mal sabem da noite
Da necessidade do escuro.
Nossa religião
Perseguiram, disseram que era do demônio
Impuseram sua salvação.
Da nossa cultura,
Chamaram de bruta e pré-histórica
Esqueceram-se de onde vieram os humanos
Seus utensílios e ritos,
A sua própria história.
Antigamente usaram ciência e religião
Para justificar que éramos inferiores
Dignos de escravização e exploração.
Servos do senhor branco.
Agora que conquistamos mais espaços
Eles tentam nos retroceder, dizem que o crime tem cor
Que somos naturalmente violentos e imorais
Nada sabem de justiça e história
Parecem idiotas em folhas brancas e pardas
Há até folhas negras querendo ser alvas
De tão lineares e rasas
Não foram usadas pelo dom da criação.
Papel costuma ter valor,
Quando rabiscado e escrito
Marcado pelo poder de sua luta
Potência de seu grito.
Hoje não comemoro a assinatura
Mas, lembro-me dos meus ancestrais
Daqueles que não são Tias Anastácia,
Nem Tios Barnabé.
Comemoro os que fizeram resistência e revolução.
São os Quilombolas e capoeiristas
A umbanda e o candomblé
O 13 de maio é uma falácia.
Respeitem meu cabelo,
Minha pele e seu tom.
Respeitem meus ritos,
Minhas crenças e minhas contas
O canto que entoa em minha alma
E minha casa
Deixem-me ocupar os espaços
Os públicos e privados,
Sou membro ativo dessa nacionalidade.
Negro e digno de respeito
Direito e representatividade.
Nunca fui escravo,
Sim, fui escravizado pela brutalidade branca
Pelo dominador corrupto e imoral.

Por enquanto, tem mais.

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