Derluh Dantas
Não posso me desculpar agora.
Pensei em usar onomatopeias e descrever em detalhes os sons e os detalhes de um
momento qualquer. Seriam palavras coloridas para disfarçar os espinhos cravados
por entre a pele, por debaixo dos pelos cerrados. Meus lábios tremem à
lembrança de seus beijos, aqueles demorados que nunca nos foram permitidos.
Poderia falar de cores, odores ou voltar às onomatopeias do relógio de
ponteiro, das gotas de chuva e do barulho do vento, mas você não estaria de
olhos despertos para ler ou ouvir o que as palavras aqui tecem apenas para te
ver sorrir. Mas, sinceramente, e daí? Eu aprendi que há uma responsabilidade
magnífica naquele que ama, mas não há obrigatoriedade de recompensas ou
retribuições. Faz-se preciso entender que gostar de alguém, não é tê-lo como um
bibelô qualquer, escondido na gaveta do meio da penteadeira. Gostar de alguém
de verdade, às vezes, é justamente ir embora e deixá-lo descobrir outros
caminhos que você possa não estar. É loucura estar vivo e devaneio maior é amar.
Sendo assim, fico aqui à ébria lembrança de seus sorrisos, esperando como um
louco um oceano meu para mergulhar e me inundar. Para não fugir ao dito: 'tic-tic-tac-tic'.
Nenhum comentário:
Postar um comentário