Pedido sério ao mar


Você tem mistérios profundos. Por vezes, leva o amor para longe, outras até o aproxima. Algumas vidas foram desfeitas ao seu poder, outras... protegidas, bem verdade. Eu não sei se aquele menino de belo sorriso entrou em seu reino, eu não sei se você tem algo a ver com isso. Eu não sei onde ele possa estar, mas não deixo de cantar ao mar o desejo que ele volte bem. Não importa muito se houver alguns arranhões, não importa se ele tiver perdido algumas lembranças, só queremos que ele volte logo e com alegria para nos brindar algumas vezes mais com seu sorriso. Eu sei que sou intruso nessa dor, mas é uma dor que partilho. A dor de não saber onde ele está, a esperança de que ele esteja bem e um tanto protegido em algum lugar desse mundo. Eu sei, Mar... Eu sei que você nem sempre nos dar oportunidade de outra chance, eu sei que suas ondas são sempre as primeiras e únicas, mas uma vez mais eu te imploro: Usa seus mistérios e sua magia para trazê-lo bem aos nossos braços e abraços.

Eu sei que parece abuso, sei que você deva ter outros afazeres pelo mundo... Mas, belo Mar, não é pelas possíveis lágrimas que me provoca que não posso ter esperanças em seu poder de amar. Só queremos que ele volte logo e bem. Foi perto de ti que ele desapareceu, sendo assim, tenho esperanças em ti... Que ele esteja bem e que logo nos volte com muitos olhares, enredos e sorrisos!

Em magia e com amor,
Derluh Dantas.

OBs.: O Universitário Henrique Amaral Roza, de 23 anos, desapareceu na Praia de Itacoatiara, na Região Oceânica de Niterói, na última sexta-feira do dia 15/11, por volta das 15h. Ele estava com alguns amigos na praia, deixou seus pertences com o grupo e saiu sozinho em direção ao mar, mas desde então não foi mais visto. Ele estava com uma bermuda verde e camiseta cinza, como dito pelas últimas pessoas que estavam com ele. Não sabemos se ele entrou no mar, se foi em outra direção, não sabemos o que aconteceu... Caso alguém tenha alguma informação que possa ajudar na busca do estudante, pode entrar em contato com Juraci Amaral, tio do rapaz que reside em Niterói, pelo telefone (021) 7913-6067 ou com alguém que possa nos ajudar a encontrá-lo.

Filho de Água e Ar'

Derluh Dantas
Filho das águas, eu sou de elemento ar.
Gosto das imperfeições sinceras, gosto daquele sabor de amar.
Sou um misto de medos,
Calor fora do lugar
Gosto da liberdade verdadeira
Prefiro não perguntar.
Passei esse tempo em sua busca,
Em cada canto buscava o seu olhar.
Há momentos que simplesmente me cansam
Há desejos que simplesmente não me fazem cessar
Não espere Drummond ou Shakespeare
Eu sou baiano demais para me resumir ou aparentar
Gosto de ser elemento torto, elemento comum
Sou de signo aquário, se isso for importante revelar
Filho das águas, de elemento ar
Para além de mais um na multidão,
Devo ser para quem souber desvendar.

Tic-tac-tic!

Derluh Dantas
Não posso me desculpar agora. Pensei em usar onomatopeias e descrever em detalhes os sons e os detalhes de um momento qualquer. Seriam palavras coloridas para disfarçar os espinhos cravados por entre a pele, por debaixo dos pelos cerrados. Meus lábios tremem à lembrança de seus beijos, aqueles demorados que nunca nos foram permitidos. Poderia falar de cores, odores ou voltar às onomatopeias do relógio de ponteiro, das gotas de chuva e do barulho do vento, mas você não estaria de olhos despertos para ler ou ouvir o que as palavras aqui tecem apenas para te ver sorrir. Mas, sinceramente, e daí? Eu aprendi que há uma responsabilidade magnífica naquele que ama, mas não há obrigatoriedade de recompensas ou retribuições. Faz-se preciso entender que gostar de alguém, não é tê-lo como um bibelô qualquer, escondido na gaveta do meio da penteadeira. Gostar de alguém de verdade, às vezes, é justamente ir embora e deixá-lo descobrir outros caminhos que você possa não estar. É loucura estar vivo e devaneio maior é amar. Sendo assim, fico aqui à ébria lembrança de seus sorrisos, esperando como um louco um oceano meu para mergulhar e me inundar. Para não fugir ao dito: 'tic-tic-tac-tic'.

Falta de mim'

Derluh Dantas

Estava tudo em silêncio, tudo milimetricamente parado e em silêncio. Seus olhos ainda estavam um tanto úmidos. Esses, ainda um tanto sonolentos, percorreram todo o ambiente parecendo querer encontrar um brilho distinto. Ele levantou-se, vestiu as roupas que estavam no cabideiro e saiu ainda tonto do sonho que tivera. Sobre o sonho desta noite, não lembrava nem ao menos uma cor, um ruído, um vestígio do que teria sido, mas sabia que fora bom, apenas sentia que fora. Sorriu diante do espelho, pensou em se banhar, mas ouviu um barulho na sala... Barulho que o fez sair por um instante do devaneio e percorrer os olhos naquela realidade vazia. Os livros sobre a mesa, alguns papeis caídos no chão, a janela fechada, o chaveiro pendurado na porta balançava e dele vinha o barulho. Alguns besouros pareciam ter feito a festa no balcão da cozinha e dormido ali mesmo depois de uma dança ébria. Ele resolveu ligar o som, quebrar um pouco com o silêncio que perturbava e ocupava toda a sala. Ao apertar o play, uma voz feminina, melancólica e triste o fez chorar instantaneamente. Ele lembrou que seu sonho era sobre lembranças, memórias de momentos que ele imaginou viver até aquele tempo e não viveu. Com aquele choro, aquela voz, os besouros e o silêncio, ele percebeu a dor alucinante de ter se perdido e sentiu saudades afiadas de quem ele era para além daquela falta de sentidos.

Minha vaidade'

Derluh Dantas’

Foram alguns convites... Todos derretidos pelas circunstâncias da palavra ou de algum insistente espirro. Veio à dança, o chuveiro e o canto forte de um rock qualquer ou de uma voz doce de um italiano boêmio. Tomou duas doses do mais forte absinto azul, cinco doses da pura tequila marroquina. Embriagou-se de uma brisa qualquer. Pensou em sair, pensou em ligar, fugir. Pensou um misto de tantos desejos, que ao seu redor não encontrou se quer uma oportunidade, uma ponte, um beijo. Mas, desnudando a fábula e fantasia, estava na sala de TV, o aperto no peito, o fim da novela das sete e saudades de um tempo que não teve acesso. Foi assim que se fez sentir essa fábula rotina.

Santa Pesquisa: