- de um filho distante -


Derluh Dantas
Meu desejo é falar de amor, beleza e morte. Quero falar sobre o desenho bonito da paixão e suas cores, suas pontas afiadas ou aquelas arestas sinuosas que parecem acarinhar os amantes. Gostaria de falar das partidas, das saudades íngremes de quem fica, da loucura de quem convive com o acento agora vazio. Mas, a inspiração anda inquieta, ela saltita, baila, se esfrega em meu corpo como uma cadela no cio. Eu não sei como tecer as cores que me surgem. Eu me sinto miúdo, incapaz, náuseas se afiguram em meu estômago sem borboletas, mas em tempestade. Eu não estou apaixonado no momento, não vejo luz alguma. Há encantos, encantamentos, desejos, tudo numa mistura tão improvável, que se desfaz com o mais sutil dos ventos. Porém, se houve o começo, há que existir o seu desenrolar, as palavras em alento, o meio, o desenvolvimento. Assim sendo,

Uma mulher de cabelos ondulados,
De cores brilhantes
E seios fartos.
Não era vista por qualquer um
Só navegantes, pescadores e sujeitos do mar
É exigente com aqueles que não aprenderam a amar.
É sereia de calmarias e tormentos.
Seu canto é de encanto.
Seu sexo é labirinto iminente.
Seus olhos, pérolas do profundo imenso.
Feita de poesia e magia,
Não é ser comum,
É rainha de Amarelo, de Azul
É vermelho
É cor.
Prisão não há, raiz não criada.
Sendo assim, a saudação que cabe
Só surge do sincero e sensível coração.
De contas, água, areia e algumas pedrinhas,
Ela surge
Mas, só para quem se entrega à verdadeira paixão!
Asé e Amém

Entrego-lhe assim, essa inspiração.

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