Derluh
Dantas
Ela o queria por completo, úmido, rijo, dentro. Ele a via como uma
puritana, perdida naquele mundo de gente. Os olhos haviam se encontrado, mas os
pensamentos ainda eram destoantes. Ele queria uma aliança que durasse mais de
uma semana. Ela só queria um encontro intenso, que mesmo sendo uma noite,
ficasse para sempre marcado na pele, na lembrança. Ele pensava em amor de
domingo, em passeio no parque, abrigo. Ela queria uma trilha perigosa, balada
molhada, gozo sem aviso. Ela queria ser penetrada, lambida, usada. Ele preferia
poesia, conversa sobre futuro, expectativas. Os olhos ainda imploravam mais
tempo, mais conexão. O corpo almejava pelo encontro, o coração era um
descompasso em palpitação. Os lábios insinuavam um sorriso, os dela falavam de
desejo ardente, os dele eram algo como bobo pedido. Suor, gemido, sussurro.
Contrato, passeio no parque, planejar bobagens. Ele era o tipo almoço de
domingo, ela preferia tequila e comida apimentada. Enquanto o mundo se perdia
em rotinas, eles se encontravam em caos. Mas, esse conto fala dela, mudemos o
foco do encontro. Ela mordia os lábios, usava as mãos e imaginava ele a
apertá-la. Queria que ele a assaltasse daquele lugar, levasse-a para um canto
qualquer e usasse seu corpo como uma comida exótica, quente, proibida. Ela quer
que ele use a língua, os lábios, desvende cada parte de seu corpo feminino
inflamado, arrepiado. Ela quer a língua dele por beijar seus lábios, sejam os
superiores, os grandes, os inferiores. Que ele saiba desvendá-la, explora-la,
invadi-la. Ela deseja ser abusada da forma mais pervertida, prazerosa, livre. E
de tantos desencontros em sentidos e devaneios, ele foi pra casa alimentar o
cão e ela foi usar o chuveirinho mais uma vez. Aproveitaria aquela noite
solitária e fria em seu apartamento, com queijos, filmes e vinhos.
Um comentário:
Domínio extraordinário.
Minhas saudações ao autor!
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