Derluh Dantas
Então... Já chorei, tive vontade
de vomitar. Até me escondi no canto do quarto, ali no apertadinho entre o
guarda-roupa e a parede. Quis mais uma vez ver o mundo sumir diante de meus
olhos, mas não aconteceu - apesar de ter sentido algo bem por aí. Quis poder desfazer alguns passos alheios, quis poder evitar, proteger... Algumas
palavras me surgiam, enquanto as lágrimas faziam companhia. Vieram lembranças
que nem aconteceram de fato, mas são sinceras às minhas memórias. Eu me lembrei
do sorriso, do olhar brincalhão e mesmo de algumas expressões de deboche e
desafio. Mas, existe a morte. Não que ela seja ruim. Ela não é. O que machuca é
a falta que ela provoca. A ausência, aquela certeza de que não nos esbarraremos
de novo para um abraço ou só uma admiração calada e distante. Fomos apresentados algumas
vezes, outras nem foi preciso, não era necessário. Acho que a vida tem dessas:
a pessoa chega, te faz bem mesmo que de longe e vai embora ainda cedo. Cedo?! Não
sei bem... Porém, falo da precocidade apenas pelo meu desejo de mais alguns
encontros, outras palavras, mais abraços. Voltando a essa partida, para quem
fica é dor. Para quem vai, não sabemos. Acho que se fosse possível, faríamos a
vida ainda mais duradoura do que parece. Contudo, acho que a morte é a prova
viva de como desperdiçamos o bom, o belo e depois temos que viver com o
arrependimento do que poderia ter sido... Mas, ainda nos restam as maravilhosas
lembranças de quem se foi. E volto ao apertadinho, volta o desejo de vômito, o choro e a
sábia necessidade do silêncio.
Com saudades e tristeza,
Que assim seja!
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