Uma voltinha sincera:

 Derlour Costa Dantas

Eu não sei!

Eu sinto. Sinto muito. Sinto o que não queria sentir. Sinto como não queria sentir. Sinto como não imaginei ser possível sentir. Mas não consigo, não sei expressar esse caos que se expande dentro de mim, esse vazio que me sufoca, essa falta de não sei do que e que me faz completo e inteiro e quebrado e...

Eu não sei!

Eu leio o rótulo. Eu leio o manual de instruções. Eu desconcentro, concentro, coentro... Eita, eu me perdi. Uma tentativa boba de dizer que eu tento. Eu tento sair da cama pela manhã e quem sabe um sorriso, mas não consigo qualquer desfaçatez antes do café amargo com leite Ninho (Ei, bem que poderia ter um patrocínio, porque a lata de leite ninho anda caríssimo). Eu tento buscar uma dose de desejo, um instante bobo de prazer, mas tudo desanda na primeira tentativa, no plano mesmo. Eu tenho andado bem cansado. Bem verdade que nem andado eu tenho ido, só cansado mesmo. Cansado pelo que!? Acho que basicamente de respirar, viver (se bem que eu só sobrevivo), sentir...

Eu não sei!

Por que essas palavras agora? Pra que dizê-las assim? É para alguém?

Eu não sei!

São sobre mim, para mim. É um desabafo pra ninguém. E digo porque elas se fazem vivas, mas do que eu me sinto. Elas querem me tirar pra dançar, provocar um alívio, sem muito sucesso. São como amigas animadas diante de um sujeito moribundo. Tenta estender a mão, tentam colorir a cena, tentam, tentam, tentam.

Eu não sei!

Vou colocar um belo samba de roda e tentar sentir um pouco mais a letra, o ritmo, o toque e quem sabe?

Eu não sei.


Santa Pesquisa: